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Gangue ameaça motorista e ônibus
só rodam com escolta em Mauá
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
08/10/2005 | 08:10
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Criminosos armados da favela do Jardim Oratório, em Mauá, quinta-feira à noite impediram a circulação de dois ônibus que fazem a linha 073, do Centro da cidade até o bairro. O motivo seria uma briga de gangues do bairro.

Em razão da falta de segurança, a Viação Barão de Mauá, empresa responsável pelo transporte coletivo no município, e a Prefeitura decidiram, na noite de quinta-feira, suspender o serviço, único que atende o bairro. Os ônibus só voltaram a circular às 17h de sexta-feira, quando ficou resolvido que viaturas da Polícia Militar fariam escolta a todos os ônibus que entrassem no bairro.

A linha Jardim Oratório-Centro conta com dois veículos. Às 20h de quinta-feira, um motorista foi surpreendido por marginais quando numa viela, após sair da avenida Ayrton Senna da Silva, principal via do bairro. De acordo com a Prefeitura e a Viação Barão de Mauá, homens armados ordenaram que o veículo parasse. Alguns deles entraram no ônibus e verificaram se algum integrante da gangue rival estava dentro do veículo.

Sem encontrar os inimigos, os criminosos mandaram o motorista ir embora e disseram que nenhum ônibus iria mais passar pelo local, pois haveria uma briga de gangues. Os passageiros, então, foram obrigados a descer.

Depois do episódio, mais dois ônibus tentaram transitar pela favela, mas foram impedidos. A Viação Barão de Mauá comunicou o fato para o Departamento de Transporte e Trânsito do município e suspendeu a passagem de veículos no bairro.

O departamento municipal, por sua vez, solicitou ajuda à Polícia Militar. Às 22h30 do mesmo dia, uma viatura policial acompanhou os ônibus e o serviço foi restabelecido temporariamente, até a meia-noite. No entanto, a circulação foi interropida novamente desde sexta-feira pela manhã, pois a empresa avaliou que a situação continuava perigosa e precisava novamente do auxílio da PM.

Após reuniões entre PM e Prefeitura, a circulação só voltou ao normal às 17h de sexta-feira, quando os ônibus receberam autorização para sair do terminal, sempre escoltados por policiais militares no trecho da favela.

"Nunca tivemos problemas desse tipo na região. Foi a primeira vez. Não havia a segurança necessária para continuar a operação dos ônibus. Precisávamos zelar pela integridade física dos motoristas e dos passageiros", afirmou o coordenador operacional da Viação Barão de Mauá, Sebastião Peçanha.

A reportagem foi sexta-feira até a favela, entre a manhã e o início da tarde, e fez o itinerário do ônibus. Nenhum morador entrevistado disse saber sobre a briga de gangues que motivou a paralisação dos ônibus. O comentário geral era que a interrupção teria sido motivada pelo costume de diversos passageiros saírem sem pagar passagem.

Sem ônibus, quem quisesse pegar condução tinha de descer o morro até a avenida Ayrton Senna da Silva. Foi o que fez a dona-de-casa Luzinete Faria Nascimento Silva, 46 anos. "Acho um absurdo o que aconteceu. Tenho problema de hérnia de disco e preciso ir até um posto de saúde. Vou até o Centro a pé mesmo", afirmou Luzinete sexta-feira de manhã. Trajeto que demoraria cerca de 20 minutos para fazer a pé.

"A área do Jardim Oratório é crítica, mas estamos fazendo patrulhamento ostensivo no local. Essa ocorrência foi um ato isolado", afirmou o comandante do 30º Batalhão, responsável por Mauá, major Antônio Marques da Silva.

Ameaças – Não é a primeira vez que um serviço público é interrompido por criminosos em favelas da região. Em junho, traficantes da Vila São Pedro, em São Bernardo, expulsaram operários da Prefeitura que construíam uma escadaria. Segundo a Prefeitura, a obra foi finalizada um mês depois.




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