Internacional Titulo
EUA ameaçam a Síria com sanções econômicas
Do Diário OnLine
14/04/2003 | 17:30
Compartilhar notícia


Os Estados Unidos endureceram o tom contra a Síria nesta segunda-feira. Depois de o presidente George W. Bush afirmar no domingo que o país possui armas de destruição em massa e advertir que, por essa razão, Damasco pode se tornar o próximo alvo dos norte-americanos, nesta segunda Washington ameaçou o governo sírio com sanções econômicas, classificando o país como um “Estado pária”. Para os EUA, a Síria abriga terroristas e iraquianos em fuga.

Segundo o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, o governo dos Estados Unidos examinará possíveis sanções diplomáticas e econômicas contra a Síria se o país continuar negando-se a colaborar com a coalizão, recebendo líderes iraquianos e membros de organizações terroristas.

O general de brigada Vincent Brooks, do Comando central americano (Centcom), afirmou, também nesta segunda-feira, que a maioria dos combatentes estrangeiros que partiram para o Iraque para defender o regime de Saddam Hussein procediam da Síria. Powell, por sua vez, contou que os aliados estão à procura de 55 pessoas que participaram do desenvolvimento de armas de destruição em massa no Iraque, mas disse não saber quantos deles deixaram o país. Para ele, os iraquianos fugiram em direção à Síria.

“Não deve ser permitido que (essas pessoas procuradas) cruzem a fronteira com a Síria e fiquem livres. A Síria deve rever seu comportamento, não só em relação a dar abrigo a grupos terroristas”, disse Colin Powell, reforçando as acusações do presidente norte-americano. “Iraquianos entraram na Síria. Alguns ficaram no país e outros estiveram lá só de passagem", disse George W. Bush no último domingo.

Em entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira, o secretário de Defesa norte-americano, Donald Rumsfeld, afirmou que os Estados Unidos tem indícios de que a Síria realizou testes de armas químicas durante pelo menos os últimos 15 meses. “Constatamos um teste de armas químicas na Síria nos últimos 12, 15 meses”, declarou.

Mais tarde, foi a vez do porta-voz da Casa Branca, Ari Fleisher, esquentar a polêmica e reafirmar as acusações sobre a existência de armas de destruição em massa em território sírio. Segundo ele, um relatório da CIA (Agência Central de Inteligência) elaborado no primeiro semestre de 2002 revela que o país possui esse tipo de armamento.

“A Síria é um Estado pária que figura na lista de países que apóiam o terrorismo”, afirmou Fleisher, referindo-se à lista elaborada anualmente pelo Departamento de Estado americano. “Pensam que devemos fingir que não vemos, pensam que deveríamos ignorá-lo?”, questionou o porta-voz.

“Há muito tempo, os Estados Unidos disseram, por meio dos canais diplomáticos, que os Estados párias devem melhorar sua conduta, que não devem abrigar terroristas, que não devem produzir armas de destruição em massa”, ameaçou Fleischer, acrescentando: “Penso que a Síria compreende nossa mensagem.”

Panos quentes — Na tentativa de evitar uma nova polêmica na região do Golfo, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, afirmou que o presidente sírio, Bachar al Assad, lhe assegurou que "negará" a entrada na Síria de toda pessoa procedente do Iraque. Ele assegurou que não há plano para invadir a Síria, como chegou a ser noticiado.

Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, Jack Straw, também descartou a possibilidade de a Síria ser um alvo em potencial de ataques das forças aliadas após a campanha no Iraque. Ele admitiu, no entanto, que há evidências de que o país cooperou recentemente com o regime de Saddam Hussein, como acusam os Estados Unidos.

Após as primeiras acusações emitidas pelos Estados Unidos, o Ministério das Relações Exteriores sírio negou que o país tenha armas químicas e acusou Israel de representar um perigo para a região. "As únicas armas químicas, biológicas e nucleares na região estão em Israel, que ameaça seus vizinhos e ocupa suas terras”, disse a porta-voz Buthaina Saaban.

Nesta segunda, o aumento do clima de tensão entre Estados Unidos e Síria suscitou apelos à calma e à moderação dos governos de França, Alemanha e Rússia. Israel, por sua vez, mostrou apelo aos aliados norte-americanos. O ministro das Relações Exteriores israelense, Silvan Shalom, afirmou, durante visita a Ancara, que a Síria continuava promovendo os movimentos terroristas e que isso “era algo que deveria cessar”.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;