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Putin quer recuperar poderio russo e acabar com corrupçao
Do Diário do Grande ABC
27/03/2000 | 15:25
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O programa do novo presidente russo, Vladimir Putin, se sustenta em uma só fórmula: recuperar o poderio da Rússia, o que significa transformar o país em um Estado forte e respeitado no cenário internacional, mais rico e livre de corrupçao.

Nesta segunda-feira, dia seguinte às eleiçoes, em uma declaraçao inesperada, o ministro das Relaçoes Exteriores, Igor Ivanov, anunciou que Moscou mudará sua política exterior, mas nao deu detalhes a respeito do assunto.

A Rússia, que nao deixa de denunciar o crescente papel de ``gendarme' dos Estados Unidos e da Otan, na Iugoslávia e no Iraque, adotou, recentemente, uma nova doutrina militar, mais agressiva.

``Putin certamente foi levado ao poder pelo cla de Yeltsin, para defender os interesses daqueles que estao no poder. Mas é jovem e se libertará, sem dúvida, de seus protetores, para iniciar sua política de recuperaçao do poderio russo', opinou um diplomata ocidental.

O jovem presidente, 47 anos, já anunciou que quer estar rodeado por um grupo de ``incorruptos' saído, como ele, dos serviços secretos, para lutar contra a corrupçao e reforçar as estruturas do Estado, atualmente frágeis.

``Um Estado forte é a fonte e garantia de ordem, o principal motor de todas as mudanças. A Rússia necessita de um Estado forte. Quanto mais forte o Estado, mais livre o indivíduo', declarou.

O novo presidente afirmou que restaurar o poderio do país nao significa apenas desenvolver o potencial das Forças Armadas, mas também conseguir que a populaçao russa possa viver dignamente, um objetivo nada fácil, uma vez que 50 milhoes de russos vivem abaixo da linha de pobreza.

Para devolver o brilho ao exército russo, assumir os gastos da guerra na Chechênia e pagar em dia os salários e aposentadorias, sem falar em aumentar o nível de vida da populaçao, Putin deverá conseguir importantes recursos financeiros. Uma parte dessa difícil missao foi desenvolvida pelo atual Ministério das Finanças, que conseguiu superar as previsoes de arrecadaçao de impostos.

Para cortar gastos, Putin anunciou que começará reduzindo de 68 para 25 o número de ministérios, comitês de Estado e outros órgaos governamentais. Segundo estatísticas oficiais, o número de funcionários duplicou desde o fim da época soviética.

Para reforçar os poderes do Estado, Putin anunciou também um maior controle sobre as regioes e repúblicas da Federaçao Russa, que, no seu entender, gozam de excessiva autonomia. Partidário de um maior controle de Moscou sobre as regioes, ele justificou a guerra da Chechênia mencionando a necessidade de se preservar a integridade territorial da Rússia, ameaçada pelos independentistas.

A luta contra a corrupçao é outra tarefa prioritária fixada por Putin, para sanear os negócios e assegurar os investimentos estrangeiros. Para esta árdua tarefa, o coronel do FSB (ex-KGB) conta com seus antigos companheiros.

``Fiz alguns de meus amigos virem para o Kremlin. Conheço-os há anos e tenho confiança neles', declarou, destacando que nenhum deles poderia estar ligado à corrupçao, um mal endêmico na administraçao russa.




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