``O governo lamenta a decisao do ministro do Interior britânico de autorizar o general Pinochet a voltar ao Chile', indicou o comunicado difundido ao término da reuniao de ministros e secretários de Estado.

``O governo compartilha da emoçao e da decepçao das famílias das vítimas, e deseja que o general Pinochet seja julgado no Chile', concluiu o comunicado.

Por outro lado, ``a posiçao do Presidente da República, Jacques Chirac, é que a Justiça deve ser aplicada na Gra-Bretanha ou no Chile e as responsabilidades do general Pinochet estabelecidas', disse a porta-voz do palácio dos Elíseos, Catherine Colonna.

Sophie Thonon, advogada que representa famílias desses desaparecidos franceses, pediu ao governo francês que recorresse ``nos próximos minutos' contra a decisao britânica de libertar Augusto Pinochet.

``Há um acordo político entre os países europeus e Chile para se livrarem do caso Pinochet da maneira menos indigna possível, pois o caso Pinochet estorva as relaçoes diplomáticas e também pode ter razoes econômica', disse Sophie Thonon.

``A França nao fez nada para que esse criminoso contra a humanidade fosse julgado e está claro que Pinochet nunca será julgado no Chile', afirmou Sophie.

Pouco antes de Pinochet tomar o aviao em Londres, William Bourdon, advogado em Paris de três dos cinco franceses desaparecidos no Chile, dizia que sua libertaçao seria ``inaceitável para as famílias das vítimas'.

``A política escreveu o epílogo do caso Pinochet', disse Bourdon. ``Jack Straw se comprometeu a nao permitir a repatriaçao enquanto nao se esgotassem todos os recursos. Nao cumpriu com sua palavra', assinalou o advogado.

A questao da palavra dada por Straw foi também colocada pela Federaçao Internacional de Ligas de Direitos Humanos (FIDH), destacando que a decisao de Straw ``está em perfeita contradiçao com o compromisso que assumira de nao autorizar a repatriaçao de Pinochet antes de esgotarem todos os recursos judiciais'.