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EUA invadiram Iraque por causa do petróleo, diz Fidel
Da AFP
23/12/2003 | 16:59
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O presidente cubano Fidel Castro afirmou durante uma entrevista que os EUA invadiram o Iraque para se apropriarem do petróleo. Porém, ele lembrou que Saddam Hussein cometeu grandes erros ao invadir o Irã em 1980 e o Kuwait dez anos depois.

"O objetivo principal, é preciso dizer sinceramente, foi a conquista de uma matéria-prima essencial que se chama petróleo", assinalou ele.

A entrevista foi realizada durante uma visita do presidente cubano à Venezuela.

Ele disse ainda que os argumentos usados para invadir o Iraque "não foram válidos". De acordo com o presidente cubano, "todos têm armas de destruição em massa, mas apenas um seleto clube não tem restrição para possuir armas maciças de destruição".

Fidel Castro afirmou que "os argumentos que usaram para invadir o Iraque não são válidos: acusaram o governo do país de possuir armas de destruição em massa e, no entanto, os americanos têm o monopólio dessas armas."

"O mundo se opôs, mais de 90% dos espanhóis, a maioria dos europeus, em todas as partes o mundo se opôs. Essa é a lei da selva e a lei do mais forte. Mas o objetivo fundamental da superpotência dominante é se apoderar das matérias-primas essenciais", insistiu.

Quanto a Saddam Hussein, disse que "sem dúvida o presidente cometeu erros. Sabemos que foi absolutamente injusta a invasão ao Irã. Foi até por conflito pessoal. Essa guerra nunca devia ter ocorrido", acrescentou.

"Outro acontecimento que não devia ter ocorrido foi a invasão ao Kuwait. Éramos membros do Conselho de Segurança da ONU: denunciamos e sancionamos, sancionamos mas não com a guerra. Nos opusemos intransigentemente à guerra. Fizemos grandes esforços para que a retificassem", lembrou.

"Quando o Iraque invadiu o Irã foi com a ajuda de toda Europa Ocidental e foi com a ajuda dos Estados Unidos", e nesse conflito "também venderam armas".

"A Europa foi cúmplice da invasão ao Irã, possivelmente lhe tenha dado alguma arma química. A Europa ajudou na guerra com Irã e ajudou o Iraque a elevar o alcance de seus projeteis de 600 a 1,2 mil quilômetros. Isso é verdade histórica e ninguém pode negar", sentenciou.

Fidel visitou segunda-feira a Venezuela para consolidar suas relações com seu colega Hugo Chávez, ameaçado por um plebiscito destinado a revogar seu mandato.

Amigos próximos, os dois se encontraram desta vez em La Orchila, 130 km ao norte Caracas, longe dos olhares indiscretos e sem uma agenda pré-estabelecida.

"Por minha experiência política, por minhas observações, posso dizer que não temo um plebiscito, porque os programas que está fazendo Chávez têm uma enorme força política, isso é inegável", disse Fidel ao jornal Ultimas Noticias.

Amigo de Chávez há anos, Fidel disse que vê seu colega venezuelano como o homem para liderar a América Latina em suas reivindicações perante o mundo industrializado.

"É o homem com todas as condições, capaz de fazê-lo", disse Fidel.

Chávez assinalou que revisou com Castro seus programas sociais com assistência cubana (alfabetização e ajuda médica nos bairros pobres do país) e que falaram do importante que é construir um novo mundo. "Ou construímos um mundo melhor, ou todos nos destruímos", afirmou.

O presidente venezuelano é um admirador confesso de Fidel, embora repita que na Venezuela não vai implantar um regime comunista como acusa a oposição.

Esta foi a quarta visita de Castro à Venezuela desde 1998, quando Chávez venceu as eleições presidenciais.




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