O reencontro dos mestres ocorre tanto na carreira quanto na vida pessoal. Apesar de sempre terem notícias um do outro por meio do amigo em comum Egberto Gismonti, Naná e Geraissati nunca mais se viram depois de um show em Porto Alegre, em 1986.
“Estou louco para falar com o André de novo e no show vou dar uns gritos com ele”, diz Naná. Do outro lado, não há menos emoção: “Ele é um cara superengraçado e tranqüilo. Nosso encontro no palco foi maravilhoso. Naná se apresentou primeiro, fez um show mágico, e deixou para mim uma atmosfera extremamente agradável, com a música pairando no ar”. No final, tocaram tanto tempo juntos que, segundo Geraissati, “quase rendeu um outro show”.
A boa notícia para quem aprecia o trabalho desses instrumentistas é que no Festival de Inverno de Paranapiacaba o esquema será exatamente o mesmo.
Naná sobe primeiro ao palco para fazer a performance O Bater do Coração, que tem apresentado pelo mundo todo. “Nela, cada música conta uma história”, diz o pernambucano. Mas nenhuma delas é explícita, pois nas suas composições as letras dão lugar a uma linguagem visual, que desperta os sentidos.
“Meu trabalho é muito orgânico. Sou improvisador e solista, e é muito delicado fazer isso quando se trata de percussão”, diz o artista, que trará diversos instrumentos, entre eles criações exclusivas e, é claro, seu inseparável berimbau.
Segundo Naná, o espetáculo se pauta pela simplicidade e “o grande segredo está em fazer com que o público se sinta bem e participe”.
O violonista Geraissati não tinha, até quinta-feira, um roteiro de seu show. Com toda a tranqüilidade adquirida ao longo de 22 anos de carreira, diz que nunca sabe bem o que vai tocar em suas apresentações. “Devo mostrar músicas que já compus ou idéias a partir daquilo que fiz há algum tempo”.
No entanto, ele confirma que o show terá parte do que foi gravado em três discos seus, que agora são relançados em CD: Solo (de 1987), DADGAD (de 1988) e 7989 (de 1989). Geraissati começou carreira no grupo D’Alma, em 1979, e desde meados dos anos 80 segue trajetória solo.
O final do show será com o encontro dos dois. O que vão tocar, ninguém sabe. “Não há necessidade de combinar. Se planejar, dá errado”, diz o irreverente violonista. O que é certo é que será um espetáculo de alta qualidade, com dois especialistas em improvisações.
Atrações – Às 13h, no Clube União Lira Serrano, será realizado o II Sarau Cultural de Paranapiacaba, com músicos, atores e artistas plásticos exibindo seus trabalhos. No mesmo local, às 14h, haverá o lançamento do livro Olhar Ecológico – Paranapiacaba, de Maurício Cunha. Domingo também é o último dia para apreciar as exposições.
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