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Paranapiacaba é sede de encontro histórico
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
21/07/2001 | 16:21
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A primeira edição do Festival de Inverno de Paranapiacaba se encerra neste domingo com um encontro que não acontecia há 15 anos. No mesmo palco, no Clube União Lira Serrano, às 19h, estarão o percussionista Naná Vasconcelos e o violonista André Geraissati. O show, gratuito, é uma das atrações do evento que, de 14 de julho até a última quarta-feira, levou à Vila um público circulante estimado em mais de 6 mil pessoas.

O reencontro dos mestres ocorre tanto na carreira quanto na vida pessoal. Apesar de sempre terem notícias um do outro por meio do amigo em comum Egberto Gismonti, Naná e Geraissati nunca mais se viram depois de um show em Porto Alegre, em 1986.

“Estou louco para falar com o André de novo e no show vou dar uns gritos com ele”, diz Naná. Do outro lado, não há menos emoção: “Ele é um cara superengraçado e tranqüilo. Nosso encontro no palco foi maravilhoso. Naná se apresentou primeiro, fez um show mágico, e deixou para mim uma atmosfera extremamente agradável, com a música pairando no ar”. No final, tocaram tanto tempo juntos que, segundo Geraissati, “quase rendeu um outro show”.

A boa notícia para quem aprecia o trabalho desses instrumentistas é que no Festival de Inverno de Paranapiacaba o esquema será exatamente o mesmo.

Naná sobe primeiro ao palco para fazer a performance O Bater do Coração, que tem apresentado pelo mundo todo. “Nela, cada música conta uma história”, diz o pernambucano. Mas nenhuma delas é explícita, pois nas suas composições as letras dão lugar a uma linguagem visual, que desperta os sentidos.

“Meu trabalho é muito orgânico. Sou improvisador e solista, e é muito delicado fazer isso quando se trata de percussão”, diz o artista, que trará diversos instrumentos, entre eles criações exclusivas e, é claro, seu inseparável berimbau.

Segundo Naná, o espetáculo se pauta pela simplicidade e “o grande segredo está em fazer com que o público se sinta bem e participe”.

O violonista Geraissati não tinha, até quinta-feira, um roteiro de seu show. Com toda a tranqüilidade adquirida ao longo de 22 anos de carreira, diz que nunca sabe bem o que vai tocar em suas apresentações. “Devo mostrar músicas que já compus ou idéias a partir daquilo que fiz há algum tempo”.

No entanto, ele confirma que o show terá parte do que foi gravado em três discos seus, que agora são relançados em CD: Solo (de 1987), DADGAD (de 1988) e 7989 (de 1989). Geraissati começou carreira no grupo D’Alma, em 1979, e desde meados dos anos 80 segue trajetória solo.

O final do show será com o encontro dos dois. O que vão tocar, ninguém sabe. “Não há necessidade de combinar. Se planejar, dá errado”, diz o irreverente violonista. O que é certo é que será um espetáculo de alta qualidade, com dois especialistas em improvisações.

Atrações – Às 13h, no Clube União Lira Serrano, será realizado o II Sarau Cultural de Paranapiacaba, com músicos, atores e artistas plásticos exibindo seus trabalhos. No mesmo local, às 14h, haverá o lançamento do livro Olhar Ecológico – Paranapiacaba, de Maurício Cunha. Domingo também é o último dia para apreciar as exposições.




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