Desvendando a economia Titulo
Nossos sonhos são os mesmos
Sandro Máskio*
18/10/2021 | 00:21
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Vou pedir licença para o leitor e convidá-lo a uma reflexão crítica sobre as expectativas, especialmente em torno das oportunidades e escolhas que realizamos ao longo do tempo, e de como a trajetória do ambiente econômico afetam nossas oportunidades de escolha e de realizações.

Ao longo dos anos, o grau de satisfação que conseguimos alcançar em nossas vidas está intimamente associado à capacidade de aproveitamento das oportunidades com as quais nos deparamos, a partir de nossas escolhas, nos variados aspectos que compreendem nosso cotidiano.

Entretanto, uma parcela bastante significativa das questões nossas vidas estão atreladas às relações ou à infraestrutura econômica, ou são afetadas por ela. Como por exemplo inserção no mercado de trabalho, progresso profissional, acesso a habitação, infraestrutura de educação e saúde, entre outros.

Quero acreditar que, dada a especificidade do sonho de cada indivíduo, a grande maioria almeja minimamente oportunidades de conseguir melhorar a qualidade de vida ao longo do tempo; poder conviver em um ambiente com algum grau de estabilidade econômica, o que não significa estar a salvo dos riscos inerentes às escolhas que fazemos; conseguir acessar condições que lhes permitam maior segurança o planejamento de suas decisões.

Não aponto acima questões necessariamente atreladas às condições materiais. Mas à oportunidades que possibilitem usufruir de melhores opções de escolha em torno das questões econômicas que cercam nossa vida.

Entretanto, se olharmos a trajetória da economia brasileira, especialmente na última década, para a grande maioria da sociedade brasileira, muito provavelmente os pontos que elenquei acima pioraram.

Esta piora leva inevitavelmente à avaliação de um menor grau de satisfação. Não à toa o Brasil tem perdido posição nos rankings que procuram avaliar este aspecto, como o Relatório Mundial da Felicidade da ONU.

Em meados da década de 1980, logo após a redemocratização, o poeta escreveu que “nossos sonhos são os mesmos há muito tempo, e não há mais muito tempo para sonhar”. Um claro desabafo diante da expectativa da melhoria que o novo ambiente político econômico vindouro no país poderia proporcionar.

Em que pese algumas melhorias que o País conquistou nas últimas décadas, a provocação para qual convido o leitor está em avaliar sobre o quanto o ambiente econômico tem contribuído para proporcionar, ou afastar, as oportunidades em seu cotidiano. Afinal de contas, é a partir da sequência de oportunidades e escolhas que construímos nossa vida.

Não vou fazer aqui nenhuma consideração mais que possa influenciar a avaliação individual de cada um. Irei apenas completar a frase do poeta que, há mais de anos afirmava que “tudo é igual quando se pensa em como tudo poderia ser, há tão pouca diferença e tanta coisa a fazer”.  

*Sandro Máskio é coordenador de estudos do Observatório Econômico e professor da Umesp, campus Rudge Ramos




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