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Aquecimento do clima preocupa cientistas
Do Diário do Grande ABC
17/01/2000 | 12:45
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O aquecimento do clima preocupa cada vez mais os cientistas, considerando que a Terra corre o risco de sofrer um fenômeno que todo mundo conhece. Quando se descongela uma geladeira, o gelo dá primeiramente a impressao de nao se desfazer e depois se desprende bruscamente da parede do congelador.

Nicole Petit-Maire, grande especialista francesa da paleoclimatologia, assinala que essa imagem reflete um perigo real, pois se a geladeira apresenta somente o risco de deixar uma poça de água na cozinha, o degelo dos glaciares da Terra, que pode acontecer no futuro, acarretaria uma verdadeira catástrofe.

Petit-Mairi, que preside o Comitê francês da Uniao Internacional pela Pesquisa sobre a era Quaternária (CNF-INQUA), deu conta de sua preocupaçao sobre a apresentaçao de dois mapas da França pré-histórica. Esses mapas, elaborados sob a coordenaçao de Petit-Maire, estao destinados a permitir uma melhor avaliaçao do meio geológico, em previsao do enterro do lixo radiativo.

``Em razao da poluiçao atmosférica devida às atividades humanas, o clima terrestre muda sem dúvidas. De uns 40 anos para cá, anomalias como a tempestade que assolou a França em dezembro passado sao cada vez mais violentas e cada vez mais freqüentes', explicou.

``É verdade que uma só tempestade nao significa nada, mas os furacoes se manifestam cada vez mais fora das zonas tropicais', acrescentou, estimando que ``o clima, que era equilibrado há dois mil anos, busca um novo equilíbrio'.

Os causadores desta mudança sao os gases de efeito estufa, o metano e principalmente o gás carbônico, segundo a cientista. ``O efeito estufa é um fenômeno natural útil. Graças a ele, a temperatura média da Terra é de 15 graus, quando sem ele seria de 18 graus abaixo de zero. O transtorno se deve ao efeito estufa adicional' causado por esses gases, explicou.

Graças à análise dos ``arquivos' climáticos constituídos pelas bolhas de ar presas nos gelos antárticos, a ciência conhece hoje a evoluçao do clima nos últimos 420 mil anos, caracterizada por uma alternaçao de períodos glaciares e interglaciares (entre os quais o nosso).

Os dois mapas apresentam o meio ambiente da regiao em dois períodos cruciais: há 18.000 anos, o que corresponde ao último máximo glaciar, com temperaturas médias inferiores em 4,5ºC às atuais, e há 8 mil anos, o que corresponde ao momento ótimo climático do holoceno (último período da era quaternária), com temperaturas de dois graus a mais que as atuais.

Menos de sete graus separam as temperaturas médias desses dois exemplos de momentos de regiao da atual França, mas as diferenças sao impressionantes: aridez e estepe por um lado, vegetaçao diversificada e florestas pelo outro.

``Desde o início do século, a temperatura aumentou um grau nos continentes e 0,6 grau nos oceanos. Quando se comprovam as transformaçoes ecológicas provocadas por tao pouca diferença de temperatura, se compreende que, se nao modificar sua maneira de atuar, o homem corre o risco de avançar para a catástrofe', ressaltou Petit-Maire.




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