Política Titulo Já virou novela
Plano Diretor mostra
rusga em S.Bernardo

Novo adiamento gera críticas do Paço, reclamações de
vereadores e boatos de queda do secretário Maurício Soares

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
17/11/2011 | 07:13
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A votação do Plano Diretor de São Bernardo ganhou contornos de novela na Câmara e evidenciou o desconforto que há entre Legislativo e Prefeitura, chefiada por Luiz Marinho (PT). Pela terceira semana consecutiva, o projeto não foi apreciado pelos vereadores. A prorrogação gerou duras críticas do secretário de Governo, Maurício Soares (PT), e pedidos da base aliada de ampliação do diálogo entre os poderes.

Desta vez, emenda apresentada pelos vereadores travou a votação da proposta. A alteração prevê que seja aprovado somente um projeto de empreendimento imobiliário para cada construtora. A mudança foi sugerida por Antonio Cabrera (PSB), Sérgio Demarchi (PSB), Ary de Oliveira (PSB), Gilberto França (PMDB), Juarez Tudo Azul (PSDB), Marcelo Lima (PPS) e Estevão Camolesi (PPS). Os quatro primeiros costumam votar a favor de projetos do governo.

A emenda, porém, tinha como finalidade alertar o Executivo para abertura de diálogo com a Casa, conforme afirmou Gilberto França. "Queremos abrir discussão e mostrar para os governistas que o diálogo não está avançando. O objetivo é provocar esse debate."

Nos bastidores, voltou a se especular que o projeto não será aprovado enquanto Maurício continuar como articulador de Marinho na Câmara. "Tem essa resistência com o trabalho dele. E eu ouvi de alguns vereadores que o Plano Diretor dificilmente será aprovado com o Maurício na articulação", confessou um petista, que comentou o clima em troca do anonimato. Na semana passada, Marinho garantiu a permanência de seu secretário.

Maurício acompanhou toda sessão de ontem, mostrou irritação com o novo adiamento e atacou os oposicionistas. "Todo fim de ano acontece isso. Os vereadores começam a brecar a pauta. O interesse do vereador eu não sei. Mas boa coisa certamente não é", desabafou. "Ocorre aqui uma prorrogação dispensável. Os artifícios que eles (oposição) usam para prorrogar são feios demais."

O secretário de Governo creditou a postergação do Plano Diretor ao presidente da Câmara, Hiroyuki Minami (PSDB). "O presidente suspende muito os trabalhos. Ninguém quer discutir nada, quer prorrogar, obstruir." No plenário, Minami rebateu as acusações e garantiu apenas seguir o regimento interno.

O vereador Tião Mateus (PT), por sua vez, discordou da postura de Maurício de exigir celeridade no processo de votação da proposta. "É um projeto complexo, que vale por dez anos. Não podemos votar no afogadilho. Podemos ficar aqui até o dia 23 de dezembro, por isso temos tranquilidade", comentou o petista.

Minami convocou para amanhã sessão extraordinária para apreciar o Plano Diretor.

 

Petista nega possibilidade de deixar a articulação

 

O secretário de Governo de São Bernardo, Maurício Soares (PT), negou que haja movimento da base governista para derrubá-lo do posto de articulador do prefeito Luiz Marinho na Câmara. Maurício disse que não bateu boca com vereadores na semana passada e creditou os boatos a oposicionistas interessados em desestabilizar o governo.

"Me dou bem com todos eles (vereadores). As informações que saíram na imprensa não procedem. Inclusive, todos vieram me cumprimentar hoje (ontem). Não precisei me levantar para ir falar com ninguém, todos vieram falar comigo", afirmou o ex-prefeito por três mandatos.

Maurício refutou também a possibilidade de deixar o Paço por problemas de saúde. Segundo o político, ele conseguirá conciliar o trabalho na Prefeitura com o tratamento médico contra diabetes. A probabilidade de afastamento temporário de Maurício foi revelada por Marinho na semana passada. O prefeito disse que conversou com seu secretário de Governo e que ambos cogitaram a saída, mas decidiram pela permanência do petista no cargo.

Na semana passada, quando as especulações de insatisfação entre vereadores governistas com Maurício eclodiram na Câmara, o ex-prefeito deixou a sessão poucos minutos depois de aparecer no Teatro Cacilda Becker, onde acontecem os trabalhos durante a reforma do Legislativo. Maurício rechaçou que tenha saído do plenário por desconforto com os parlamentares e afirmou que, à ocasião, os problemas de saúde o impediram de continuar acompanhando a sessão.

O Diário tentou contato com Maurício na semana passada, mas seu celular estava desligado. O petista disse que estava viajando e que por isso não retornou as ligações.




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