O jornal francês “Le Figaro” estampou na primeira página, na segunda-feira, um irônico artigo sobre a decisão do Ministério das Relações Exteriores de acabar com o caráter eliminatório da prova de inglês no concurso para diplomatas. Escrito pela jornalista Véziane de Vezins, colunista que costuma escrever textos graciosos e venenosos sobre temas que lhe despertam a atenção, o artigo menciona que o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, “sem rir e em português”, justificou que o exame eliminatório de inglês era um “fator elitista”.
“Os brasileiros têm religião. Eles sabem que, no princípio, era o Verbo. Ou, para os agnósticos radicais, a palavra. O resto não é mais que literatura. É por isso que o governo de Brasília decidiu derrubar a América de seu pedestal atacando pelas raízes”, diz Véziane no escrito, roçando a célebre frase “o Brasil não é um país sério”, atribuída ao líder máximo francês no pós-guerra, Charles de Gaule, apesar das dúvidas sobre a autoria.
“A França, por puro masoquismo, fez o caminho inverso: a antiga linguagem da diplomacia (o francês) acabou para admitir que o inglês é uma matéria certamente impronunciável, mas bem real”, completa.
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