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Estado enxuga verba da Educação
Illenia Negrin
Do Diário do Grande ABC
17/03/2007 | 18:09
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O orçamento de 2007 da Secretaria de Educação mostra que o Estado prevê investir menos em ações básicas para melhorar a qualidade do ensino público, se comparado ao ano passado. As despesas com propaganda aumentaram 500%.

A capacitação de professores, por exemplo, terá R$ 18,3 milhões a menos; os convênios e parcerias para desenvolvimento de projetos despencou 92,98%. Os gastos com publicidade da Secretaria da Educação saltaram de R$ 2 milhões para R$ 12 milhões.

Os dados constam do Sigeo (Sistema de Informações Gerais da Execução Orçamentária), da Secretaria da Fazenda.

Aprovado no início de março, com três meses de atraso, o orçamento deste ano destina R$ 11,99 bilhões para a Educação, 14,18% do total. Em 2006, foram R$ 11,61 bilhões, 14,29%.

Além do aumento significativo dos investimentos em publicidade, os cerca de R$ 300 milhões a mais foram pulverizados em ações como planejamento e produção de material pedagógico, inclusão de jovens e adultos na rede e manutenção da infra-estrutura do ensino médio.

A Apeoesp (Sindicato dos Profissionais do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) condenou a redução de recursos. O presidente da entidade, Carlos Ramiro de Castro, diz que os cortes se dão numa fase “crítica” do ensino público.

"As salas estão superlotadas. Temos alunos sem estudar por falta de vaga. Mas o Estado não se mexe”, critica.

A baixa qualidade do ensino público do Estado foi comprovada por avaliações aplicadas pelo MEC (Ministério da Educação) em todo o País. As cerca de 360 EEs da região não escaparam à regra.

Na Prova Brasil, exame feito por alunos de 4ª e 8ª séries, os estudantes do Grande ABC tiraram notas superiores às médias do Estado e do Brasil. Ainda assim o cenário preocupa: a maioria dos estudantes que concluíam o ensino fundamental não dominavam conhecimentos que seriam razoáveis aos de 4ª série.

O desempenho no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) também sinaliza as deficiências. A nota média dos estudantes de escolas estaduais de São Paulo foi 39,56. Ou seja: não atingiu nem metade da pontuação máxima (100). Os alunos de unidades do Grande ABC não fugiram à média estadual e tiraram 39,59.

Antes de ser enviado à Assembléia, o orçamento foi cortado ainda na mesa do governador José Serra (PSDB). Cerca de R$ 1 milhão, que seria investido na melhoria das EEs da região, foi tirado da lista e nem chegou a ser votado.

No Grande ABC, o ano letivo começou com o fechamento de salas. Em escolas da periferia, turnos inteiros foram extintos. A reportagem identificou pelo menos cinco escolas de São Bernardo, afastadas do Centro, que fecharam turmas e superlotaram outras. Nas EEs Jean Piaget (Detroit), Antonio Caputo (Riacho Grande), Reverendo Omar Daibert (bairro dos Casa), Jacob Casseb (Alvarenga) e João Firmino (Assunção), a reposta das atendentes foi a mesma. “Vaga? Só pro meio do ano.”



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