É gravíssimo e estarrecedor o conteúdo do áudio em que o vereador governista Reinaldo Meira (PR) aparece revelando práticas nada ortodoxas supostamente praticadas pelo governo do prefeito Lauro Michels (PV) em Diadema. Fala-se em cobrança de propina, manutenção de funcionário fantasma e esquema de loteamento de cargos públicos aos parlamentares para facilitar a aprovação de projetos de interesse do Executivo no Legislativo. Assombroso também é o comportamento do chefe do Executivo diante das preocupantes denúncias.

Lauro Michels praticamente ignorou a revelação do escândalo pelo Diário. Sobre o suborno cobrado por funcionário da Secretaria Municipal de Segurança Alimentar, afirmou que o funcionário envolvido já foi exonerado. Disse também que a Prefeitura não emprega ninguém com o nome da mulher denunciada como fantasma. E calou-se sobre a relação nada republicana com os vereadores, baseada no compadrio e na troca de favores.

A conversa gravada de Reinaldo Meira já está nas mãos do Ministério Público, mas deveria motivar ainda duas outras frentes de investigação. A primeira delas no Executivo, onde sindicância teria de ser instalada para verificar se a prática de suborno não persistiu à saída do funcionário. A segunda, no próprio Legislativo. Ou os senhores vereadores diademenses entendem que o colega não disse nada de amoral?

Está na hora de Diadema passar a limpo seus dois poderes constituídos, sob risco de a última metade da atual gestão ficar eticamente comprometida. As suspeitas de irregularidades na cidade ficaram muito evidentes para serem varridas para debaixo do tapete. Investigação rigorosa é necessária, doa a quem doer. Lauro Michels deveria ser o primeiro interessado em esclarecer a situação. Seu posicionamento inicial, entretanto, demonstra o oposto. Se o caso na avançar, que a própria população dê a resposta necessária aos seus políticos. Em 2016. Nas urnas.