Política Titulo Após denúncia
Vídeo tira secretário
de Governo do Paço

Apesar de denúncia de venda de apoio, o petista mantém a
candidatura a prefeito de S.Caetano; vídeo tem 17 minutos

Gustavo Pinchiaro
Caroline Ropero
28/08/2012 | 06:46
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O secretário de Governo de São Caetano, Tite Campanella (DEM), pediu exoneração do cargo ontem, após reportagem do Diário sobre vídeo em que teria negociado apoio à administração na Câmara com o vereador, prefeiturável e presidente do PT, Edgar Nóbrega. O candidato, no entanto, se manteve na corrida pelo Palácio da Cerâmica após reunião da executiva municipal da sigla ontem à noite.

Em nota, a Prefeitura reforçou o desconhecimento do prefeito José Auricchio Júnior (PTB) sobre o caso e abriu sindicância para averiguação. Ainda divulga breve justificativa em que Tite disse que o vídeo trata de conversa particular sobre as conjecturas de 2009 e que não foram complementadas. Editada, a gravação tem 17 minutos, teria sido feita pelo democrata e vazou na internet no sábado.

No caso de Edgar, os 11 integrantes da executiva municipal do PT avaliaram o caso e optaram pela manutenção da candidatura a prefeito. Minoria formada por quatro integrantes se posicionou a favor da renúncia da candidatura. O grupo, liderado pelo ex-presidente da legenda e candidato a vereador, Ricardo Rios, classificou o vídeo como "grave" e deixou a responsabilidade total da chapa majoritária nas mãos de Edgar - juridicamente ele teria de assinar a renúncia do registro de candidatura.

A proposta feita pelo prefeiturável foi a de afastamento provisório da direção da sigla até o encerramento do período eleitoral. Márcio Della Bella passa de secretário a presidente do partido. "Já era um planejamento nosso", alegou Edgar. O prefeiturável disse não temer intervenções das direções nacional e estadual do PT em São Caetano. "Conversei com o (deputado estadual) Rui Falcão (dirigente nacional) e com o deputado federal Paulo Teixeira para pedir conselhos."

Sobre o polêmico vídeo, Edgar negou todas as situações que teriam ocorrido e prometeu processar juridicamente Tite, por gravação ilegal, e a coligação do prefeiturável do PMDB, vereador Paulo Pinheiro, já que o candidato a vereador de seu grupo Eder Xavier (PCdoB) foi responsável pela divulgação das imagens. "O Tite foi o cineasta e o Eder o diretor de cinema. O Eder está fazendo uso político das imagens e isso é crime. Tite é vagabundo", disse o petista.

O petista acusou o ex-secretário de conduzir a conversa para comprometê-lo. "Ele mistura muitos assuntos no meio. Está clara a intenção. Cometi dois erros: confiar na pessoa e falar o que penso."

Edgar teria negociado com Tite o valor de R$ 100 mil para obter 600 votos no PED (Processo de Eleições Diretas) e chegar ao comando do PT, em 2009. De fato foi vitorioso com 609 sufrágios. "Disse que sabia quanto ia custar a campanha, com material de divulgação e mensalidades de filiados e mostrei o papel. Não recebi esse dinheiro", argumentou Edgar.

Tite e Edgar ainda tratam da quantia de R$ 10 mil, que seria repassada por meio do vereador Paulo Bottura (PTB) ao petista e R$ 2.000 via vereador Gérsio Sartori (PTB), então presidente do Legislativo. O prefeiturável alega que se tratava de empréstimos feitos junto "aos amigos". Os petebistas não foram encontrados para comentar o assunto.

O petista também teria pedido dois cargos na Prefeitura para João Formiga e o candidato a vereador professor Pio Mielo. Edgar alegou que João foi exonerado de seu gabinete e precisava de emprego. Sobre Pio, disse que não houve nenhuma conversa.

 

PEDIDO DE CPI

Eder Xavier prometeu comparecer à sessão de hoje da Câmara e apresentar abaixo-assinado com pedido de CPI para averiguação das informações contidas no vídeo.

 

Psol vai à Promotoria pedir investigação

 

O pleiteante à Prefeitura de São Caetano pelo Psol, Fernando Turco, protocolou ontem representação pedindo apuração rigorosa das informações contidas no vídeo sobre suposto acordo financeiro entre o prefeiturável Edgar Nóbrega (PT) e o agora ex-secretário de Governo Tite Campanella.

Acompanhado pelo seu vice, Daniel Lima (Psol), e o candidato a vereador Horácio Neto (Psol), o socialista pediu para conversar com a Promotoria para explicar os fatos e mostrar as provas - CD com a gravação do vídeo e matéria do Diário explicando o caso. No entanto, não houve o encontro. Desse modo, apenas protocolaram o documento.

Turco, presidente municipal do Psol, considera o caso muito grave e disse que merece apuração urgente. "A sociedade vai exigir que se tomem providências, caso contrário o debate eleitoral vai se tornar um triste espetáculo", disse, reclamando da facilidade como um vereador pede dinheiro a um agente público. "Vemos uma relação totalmente promíscua entre um parlamentar e um agente do governo."

Para Turco, não é só o prefeito José Auricchio Júnior (PTB) que precisa tomar decisão imediata - o Paço abriu ontem sindicância interna. "A Câmara também tem de tomar providência em relação ao vereador, que inclusive envolve o nome de outros parlamentares e de outros integrantes do partido do vereador Edgar Nóbrega", concluiu, valorizando o Psol. "Como sempre, nós mais uma vez atuamos na linha da defesa da ética."

 




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