Turismo Titulo Suíça
Ballenberg: museu a céu aberto
Heloísa Cestari
Enviada à Suíça
03/02/2011 | 07:16
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Ninguém leva a arte de fazer relógios tão a sério quanto os suíços, criadores das marcas Rolex, Swatch e Tag Heuer. Mas há um local onde os ponteiros parecem não funcionar. A sensação de quem visita o Museu de Ballenberg, em Brienz, a 18 minutos de trem de Interlaken, é de ter parado nos tempos da proclamação da República Helvética. Para quem procurou nos Alpes o paraíso de Heidi mas achou tudo muito moderninho, basta uma breve caminhada pelos pastos com vacas rechonchudas de sino no pescoço para concluir que não há na Suíça cenário mais fiel ao conto.

Tudo lá lembra os Alpes de três séculos atrás. A começar pelas 103 casas - algumas com mais de 400 anos - trazidas pedra por pedra de 13 diferentes regiões do país, a exemplo do chalé de madeira, de 1608, usado como depósito de queijo no passado, e do casarão de madeira de Madiswil, de 1709, que mostra bem como viviam os fazendeiros mais ricos da zona rural.

Para garantir um toque ainda mais real, funcionários vestidos com trajes típicos simulam o estilo de vida da época durante os sete meses do ano em que o museu permanece aberto, a partir da primavera.

Além de mostrar aos 309 mil visitantes anuais como os suíços do século 18 preparavam seus alimentos, faziam crochê em teares e extraíam mel das florestas, eles lançam mão de equipamentos seculares para produzir cerca de 10 mil pães assados no forno a lenha, 4.000 embutidos e vários tipos de queijo vendidos nas lojas do museu. Tudo às custas dos mais de 250 animais que vivem ali, entre porcos, cavalos e vacas leiteiras.

Um dos guias do museu, Henry, explica que os sinos nos pescoços das vacas servem para identificá-las em meio ao rebanho e protegê-las do ataque de panteras, cachorros-do-mato e outros animais selvagens. "Elas se sentem seguras, relaxam e produzem mais leite quando estão com o sino, porque o som faz elas lembrarem de suas mães", diz Henry, ressaltando que cada sino emite um som diferente. "Antes, os donos colocavam sinos cada vez maiores em suas vacas para não confundi-las com as do vizinho. Hoje, uma lei estabelece que eles só podem comprar os sinos que conseguirem carregar com suas próprias mãos". As mimosas agradecem...

Em compensação, vez ou outra algum animal vai parar na panela para incrementar os cardápios dos quatro restaurantes localizados dentro da fazenda, de 66 hectares. No Speisekarte of the Bear (Restaurante do Urso), é possível saborear um autêntico suure mocke (bife marinado no vinho e assado na brasa com purê de batatas e legumes) ao custo de 25 francos suíços (cerca de R$ 45). Para acompanhar, peça o suave vinho de maçã - a garrafa de 500 ml custa 5,70 francos (R$ 10).

A organização social, por sua vez, se revela no estilo das construções. Casas pobres não possuíam chaminé. E quanto mais colorido o jardim, mais rico era o seu proprietário.

Gostou? Então confira o calendário de eventos da chamada Disneylândia Helvética antes de seguir para lá. Quem sabe você não dá a sorte de visitar o local justo na semana do festival de ervas medicinais ou na dos mercados folclóricos, com direito a quitutes, danças típicas e apresentações teatrais dos tempos do onça? Afinal, não se pode esquecer que os precisos ponteiros dos relógios suíços não funcionam por lá.




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