O presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou ontem que a preparação do Brasil para receber a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 esteja atrasada. Segundo ele, não há razão para se preocupar com a infraestrutura e a organização para os dois eventos, garantindo que o País estará pronto quando chegar a hora.

"Não existe atraso para a Copa do Mundo e para a Olimpíada", afirmou Lula, durante entrevista ontem a blogueiros ao rebater as críticas sobre a preparação brasileira para organizar os dois eventos. "Temos a vontade, o dinheiro e o comprometimento. Está tudo engatilhado para realizar a melhor Copa e a melhor Olimpíada do mundo."

Apesar das preocupações dos dirigentes da CBF e da Fifa, principalmente com os estádios e os aeroportos brasileiros, Lula disse que o cronograma de obras para a Copa de 2014 está caminhando normalmente. "Nós tomamos as decisões que tínhamos que tomar e demos o dinheiro para os Estados, para que eles façam a parte deles", explicou o presidente.

Durante a entrevista, Lula também reclamou da exclusão do Morumbi do projeto da Copa. E ainda criticou indiretamente o governo de São Paulo, administrado pelo tucano Alberto Goldman, por não ter brigado para que o estádio são-paulino fosse palco do jogo de abertura do Mundial - o local foi vetado pela Fifa e pela CBF por falta de dinheiro para a reforma.

"É impensável São Paulo não ter o jogo de abertura. O Morumbi está pronto. Não faz sentido discutir problemas só porque a Fifa vem aqui com padrões europeus", alfinetou o presidente. "Acho que São Paulo não brigou corretamente, acho que, na verdade, é para atender interesses comerciais. A União não vai dar dinheiro, quem vai financiar (os estádios) são os Estados."

Diante da exclusão do Morumbi, a solução encontrada para São Paulo receber jogos da Copa foi utilizar o novo estádio do Corinthians, a ser construído em Itaquera, na Zona Leste da cidade. Apesar disso, a arena corintiana ainda não tem assegurado o dinheiro necessário para a ampliação que a permitiria ser o palco de abertura do Mundial de 2014.

‘Precisa agir mais', diz sul-africano

Principal convidado da feira de negócios relacionados ao futebol, a Soccerex, no Rio, o presidente do Comitê organizador da Copa do Mundo da África do Sul de 2010, Danny Jordann, cutucou o Brasil, sede do torneio em 2014. Para ele, é necessário parar de falar e agir mais.

"O que precisamos fazer é um projeto, monitorado e vigiado, com prazo. Um estádio leva de 24 a 27 meses para construir. Não há mais tempo para falar, tem de começar a fazer. Tem de dizer, se me chamar para uma reunião, eu não vou. Se me chamar para o local de construção, eu vou", disse Jordann.

Ele também destacou que os aeroportos - bastante criticados pelo ministro de Esporte, Orlando Silva - são "o cartão de visita do País". "A maior parte das seleções vem da Europa, da Ásia, da África, então é um ponto crucial da organização", destacou.

Jordann espera que os estádios estejam prontos com antecedência para evitar problemas durante o Mundial. "Não sei como está sendo realizado aqui, mas é importante que se teste com 25%, depois 50%, e em seguida com 100% da capacidade. Testar tudo: credenciamento, iluminação, estacionamento, enfim, tudo o que faz o estádio estar em operação para a Copa. O resto é tranquilo", completou. (das Agências)