Política Titulo Quebra de sigilo
'Ele era vítima como eu'
Havolene Valinhos
Com AE
14/09/2010 | 09:11
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O metalúrgico aposentado Edson Pedro dos Santos afirmou ontem após depoimento na Seccional de Santo André ter ficado "com a consciência pesada" por ter denunciado o marido da servidora da unidade da Receita Federal de Mauá, Ana Maria Caroto Cano, acusada de quebrar sigilos fiscais de pessoas ligadas ao presidenciável José Serra (PSDB). Santos acusou o contador José Carlos Cano Larios de tentar fazer com que assinasse procuração autorizando Ana Maria a ter acesso aos seus dados fiscais, violados pela servidora em agosto de 2009.

Santos foi procurado por Larios às 20h do dia 6. Na terça-feira, feriado de 7 de Setembro, o aposentado procurou o advogado que fez sua declaração de Imposto de Renda, que negou ter pedido acesso aos IRs. No dia seguinte, Santos foi ao 1º DP de Mauá e registrou boletim de ocorrência. Os policiais sugeriram que ele se encontrasse com José Carlos, sob argumento de que assinaria a procuração. Os dois marcaram de se encontrar em posto de combustíveis na Avenida Rio Branco, na Vila Bocaína. Assim que o marido de Ana Maria chegou, os policiais o detiveram.

O aposentado disse que Larios "era um trabalhador, não parecia pessoa de má índole. Inclusive esteve em minha casa, sentou, tomou café, conversamos." E emendou dizendo que Larios parecia ser vítima como ele e só queria justificar algo. Segundo Santos, a atitude de Larios é que o fez desconfiar da situação. "Estava fazendo o que não queria. Ele estava constrangido, dava para transparecer. Não quero defender ele, mas é isso que senti." Santos também saiu em defesa de Ana Maria. "Provavelmente a mulher dele também seja vítima. Espero que o verdadeiro criminoso seja mostrado." Santos reiterou que não conhecia nem Ana Maria nem seu marido.

A servidora disse, em depoimento, que recebeu ordens da Corregedoria para esquentar as violações das declarações de Imposto de Renda. O órgão federal nega que tenha dado determinação à funcionária.

Santos prestará depoimento hoje à PF (Polícia Federal). Questionado se não teme por sua segurança, o aposentado disse que sim. "Temo, mas infelizmente a vida é essa. Não vou me curvar. Ninguém nasceu para semente. Seja o que Deus quiser. Tomei atitude por conta. Não procurei o partido, não procurei ninguém". O aposentado é filiado ao PPS de Mauá.

O tabelião do 16º Cartório de Notas de São Paulo, Fábio Bisognin, também depôs ontem na Seccional de Santo André. Ele reafirmou que a procuração é "grosseira." Pontuou que não sabe se os funciónários da Receita têm técnicas para reconhecer a falsificação pelo fato de lidarem com documentos que trazem reconhecimento de firma de cartórios de todo o País.

ATELLA E ADEMIR - O contador e office-boy Ademir Estevam Cabral, apontado como um dos principais personagens do escândalo de violação de sigilo de familiares do candidato a presidente José Serra prestou depoimento ontem na Polícia Federal por cerca de uma hora e negou ter qualquer participação na trama. Cabral afirmou que não entregou ao contador Antônio Carlos Atella Ferreira procurações falsas em nome de Verônica Serra e Alexandre Bourgeois, filha e genro de José Serra. "Tais documentos forjados foram apresentados por Atella na Delegacia da Receita (Federal) em Santo André junto ao pedido de obtenção de cópias das declarações de Verônica e Alexandre", disse.




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