Depois de dois meses de retração, a atividade industrial paulista voltou a crescer em julho, de acordo com a última pesquisa do INA (Indicador do Nível de Atividade), apurado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e divulgada ontem.

Com expansão de 0,6% em julho em relação a junho, no índice com ajuste sazonal (em que se descontam efeitos tradicionais desse mês), as fabricantes contabilizam nos primeiros sete meses do ano alta de 12,7% frente a igual período de 2009.

Para o diretor do departamento de Economia da Fiesp, Paulo Francini, a variação positiva, assim como as quedas nos dois últimos levantamentos, era esperada. Depois da retirada de medidas de incentivo tributário - fim da redução no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para carros e eletroeletrônicos no fim de março -, houve "uma espécie de ressaca". Ele lembra que teve movimento de antecipação de compras, em que os consumidores correram para se beneficiar dos descontos.

"Era natural que agora voltaríamos a ter crescimento", acrescentou o diretor. E, segundo ele, a variação positiva de 0,6% ficou dentro do esperado. "Está alinhado com o que observamos em julho nos anos anteriores", citou. Sem o ajuste sazonal, a alta no mês chega a 2,6%.

SETORES
Na nova pesquisa do INA, a Fiesp destacou três segmentos que conseguiram se sair bem, com índices próximos ou acima do indicador geral da indústria paulista.

Foi o caso do setor de produtos químicos e petroquímicos, que registrou em julho alta de 1,6% frente ao mês anterior. Dados do relatório de acompanhamento de conjuntura da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química) divulgado ontem, confirmam a recuperação da atividade (tanto em produção quanto em vendas), o que é explicado em parte pelo aquecimento da demanda no mercado interno.

"O adiamento das compras nos meses anteriores, em decorrência da expectativa de redução de preços, também ajuda a explicar as variações positivas", informa, em nota, a associação.
Outros segmentos que foram destaque, no estudo da Fiesp, foram o de alimentos, registrou alta de 1,6% em julho frente a junho e minerais não-metálicos com expansão mais modesta no mês (0,4%), mas com crescimento de 11,6% no acumulado do ano.

Para Francini, no caso dos alimentos, o incremento da produção se explica pelo crescimento da renda da população empregada. Por sua vez, o setor de minerais não-metálicos tem forte relação com a área da construção civil, que segue sendo estimulado por medidas de incentivo, como o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.

PROJEÇÃO
O diretor da Fiesp projeta que a atividade industrial em São Paulo deverá fechar o ano com 11% de variação positiva em relação ao 2009. Para ele, o segundo semestre deverá se manter com números favoráveis, embora não com a mesma força dos três primeiros meses do ano. A base de comparação também não ajudará tanto, já que o impacto da crise financeira global foi mais forte no início do ano passado.