Quem viveu na década de 1950 com certeza foi envolvido pela magia do radioteatro. O gênero criava imagens tão ricas quanto a TV mostra em suas novelas utilizando o imaginário do ouvinte. Para eternizar este período, o veterano do rádio Roberto Salvador escreveu A Era do Radioteatro - O Registro da História de Um Gênero que Emocionou o Brasil (Editora Grama, R$ 35, 339 páginas)

Roberto Salvador conta que a primeira radionovela foi lançada no fim dos anos 1930. Chamava-se Mulheres de Bronze, pela Rádio Tupi. As atrações eram ligeiramente adaptadas para o rádio da seguinte forma: o roteirista lia a peça de teatro e ia assinalando os pontos que deveriam ser suprimidos. Daí surgia o radiofônico. Os atores apenas liam, sem interpretar.

Com o tempo, os profissionais passaram a dar vida aos personagens e as radionovelas ganharam músicas orquestradas, passagens sonoras para indicar quando as cenas mudavam, além de ruídos dos contrarregras para sinalizar situações sem necessariamente narrar, como passos quando alguém entrava em cena.

O autor cita, que embora a palavra amante não fosse proferida, o adultério, a traição e os triângulos amorosos eram uma constante. Não era incomum atrizes serem advertidas quando se excediam em sussuros durante cenas de um caloroso beijo de amor. "Se as relações sexuais eram apenas sugeridas nos filmes, não seria o rádio que as explicitaria", relembra o autor, que iniciou carreira aos 13 anos.

Esses e muitos outros casos divertidos fazem com que saudosistas entrem no túnel do tempo e recordem como se emocionavam muito antes da popularização das telenovelas. Aos mais jovens é oportunidade de conhecer a época de ouro do rádio brasileiro, com relatos ricos em detalhes.