Os diretórios do PSDB de Santo André e São Bernardo devem reeleger hoje os atuais líderes do partido, Ricardo Torres e Admir Ferro, respectivamente, mesmo sob o fraco desempenho eleitoral do ano passado e diante de crises internas. Na primeira, a legenda sofreu debandada e esbarrou em falta de representatividade com o resultado insatisfatório no páreo de outubro. Na segunda, por sua vez, os principais caciques mantêm racha e não escondem indisposição.

Apesar do cenário desfavorável, em ambos os municípios haverá apresentação de chapa única, na qual os delegados eleitos vão referendar suas posições, em pleito indireto. Como num sistema parlamentarista, o colegiado - 118 pessoas - vai classificar o diretório local, composto em Santo André, por exemplo, por 51 integrantes. Após eleito, o diretório escolhe toda a composição da executiva municipal, com 11 nomes do quadro, inclusive o presidente.

Por obterem mais de 500 mil habitantes, em ambas as cidades os filiados escolhem delegados para compor diretórios zonais. O PSDB estabelece esse patamar como requisito para a criação dessa modalidade. Por conta disso, em São Bernardo os integrantes da executiva, delegados partidários, vereadores e deputados têm direito a voto. Os demais municípios do Grande ABC já escolheram seus comandantes há um mês.

Torres e Ferro foram eleitos em abril de 2011, substituindo José Luiz Cestari e Dirce Aguiar, respectivamente, buscando reestruturação, que, efetivamente, não ocorreu. Em Santo André, Torres foi vice de Raimundo Salles (PDT), terceiro colocado na corrida eleitoral, e o partido perdeu três cadeiras na Câmara. Em São Bernardo, os deputados Orlando Morando (estadual) e William Dib (federal) não se ‘bicam', além de a sigla ter lançado vice na chapa derrotada de Alex Manente (PPS).

Com confirmação do panorama desenhado, eles conduzirão a sigla para o pleito de 2014. Morando diz que não vê adversário para Ferro. Dib está em agenda no Interior de São Paulo e não participará da convenção. Nos bastidores, fica claro que ele não deu orientação ao seu grupo, mas também não entrará num enfrentamento desnecessário. Embora haja unanimidade, a simples ausência demonstra que a legenda não está unida.

Torres avaliou que o PSDB busca a unidade para firmar a reconstrução e buscar novos desafios. "Não vejo que tivemos grandes perdas (desfiliações) e a partir de agora, como frente de oposição ao PT, teremos fortes adesões locais."