Passava das duas da manhã em Tel Aviv - e o humor do maestro Zubin Mehta já não era dos melhores. Talvez por isso inicie a entrevista com desabafo. Na turnê brasileira que faz com a Filarmônica de Israel a partir de sábado, com concerto em Paulínia - e que passa pela Sala São Paulo nos dias 10 e 11 -, ele gostaria de ter trazido a monumental Nona Sinfonia de Mahler.

Os produtores brasileiros, no entanto, preferiram programas mais comportados - em um deles, obras de Richard Strauss; no outro, sinfonias de Beethoven. Dizem que é um privilégio ter um intérprete como Mehta mostrando sua visão de obras tão importantes quanto essas de Beethoven.

O humor, de qualquer forma, logo melhora. Falar em Mahler ganha significado maior quando se tem em mente que Mehta tem se dedicado bastante à música de Strauss e Wagner - e que os entende como parte de uma enorme linhagem que remonta, entre outros autores, a Beethoven. "Wagner tem muitos netos, sem ele a música que viria em seguida seria certamente diferente", diz Mehta. "Mahler e Strauss com certeza são dois dos mais importantes e nos oferecem um olhar interessante sobre a maneira como a música se desenvolve, como a criação dialoga com o passado ao mesmo tempo em que olha para frente. E então, no mesmo espírito, é natural que voltemos a Beethoven."

No concerto do dia 10, serão executadas as Sinfonias nº 6 e nº 7, de Ludwig Van Beethoven; no dia 11, três obras de Richard Strauss - Don Juan, Till Eulespiegel Op. 28 e Uma Vida de Herói.

Os ingressos custam de R$ 180 a R$ 450. Para estudantes com até 30 anos, sai por R$ 10, meia-hora antes dos concertos. Vendas pelo telefone 3258-3344.