Economia Titulo Futuro
Mais mulheres investem em previdência
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
16/03/2009 | 07:10
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Ano a ano cresce a participação das mulheres nos planos de previdência privada do País, que já representam quase metade dos clientes das seguradoras que detêm as maiores fatias de mercado. O motivo, citado pelos especialistas, é a preocupação em manter durante a aposentadoria um padrão de vida semelhante ao dos dias atuais, objetivo difícil de se alcançar contando-se apenas com a contribuição da Previdência Social.

A Brasilprev, líder do segmento, aponta que 43% dos 1,1 milhão de clientes são mulheres. Em 1994, esse índice era de 31%. Elas preferem (53,82%) a modalidade VGBL - plano indicado para autônomos e profissionais liberais, que geralmente não têm carteira assinada e, portanto, fazem a declaração simples do IR (Imposto de Renda) ou são isentos.

Do público feminino, 43,9% têm até 30 anos, começando a investir na previdência privada mais cedo do que os homens. De acordo com Sandro Bonfim, gerente de desenvolvimento de produtos da Brasilprev, muitas das clientes são casadas e, portanto, optam pela declaração simplificada, deixando a completa para os companheiros, que geralmente preferem o PGBL - plano voltado à quem faz declaração completa porque permite dedução de até 12% dos rendimentos no IR. "A mulher vem conquistando seu espaço no mercado de trabalho e, com isso, aumenta sua colaboração nas contas de casa", diz.

RESERVAS TOTAIS - Se considerarmos as reservas totais - quanto as pessoas contribuem -, R$ 20,4 bilhões, o público feminino representa 38% do todo. Segundo Bonfim, embora as mulheres gastem mais do que os homens, suas compras têm menor valor agregado, como roupas, e, portanto, sobra dinheiro para realizar aportes mensais. "As clientes fazem contribuições menores, de R$ 178 em média (superior à de 2007, quando era R$ 171), mas elas são muito mais disciplinadas".

Já os homens, de acordo com Sidney Famelli, superintendente de produtos da Real Tokio Marine, têm uma volatilidade maior.

"Embora as contribuições sejam maiores, elas são aleatórias. Geralmente os homens investem algum dinheiro recebido de bonificação ou do 13º salário". Na seguradora, 45% dos 195 mil clientes são mulheres. E a participação vem crescendo ano a ano. Em 2006, eram 40,5%. Em 2007, 43,5%. "Esperamos que até o final do ano as mulheres representem 46,5% do mercado".

REGIÃO - Somente no Grande ABC existem 3.200 mulheres clientes da Real Tokio. "Santo André responde por 60% do total, seguido por Mauá (12,3%) e Diadema (11,7%)", conta Famelli.

A médica de Santo André Lucilaine Cristina Napoleão, cliente do Santander Seguros, investe em previdência privada há dez anos. "Comecei a juntar esse dinheiro porque hoje, aos 35 anos, tenho um padrão de vida que, certamente se depender apenas da Previdência Social, eu não vou manter. Então, sempre invisto uma parte do 13º salário e faço aportes durante o ano", conta.

Sem contar que, como trabalha em mais de um emprego, nem todos remuneram sob o regime de CLT, portanto, ela não arrecada INSS de sua renda total. "Prefiro me garantir", finaliza.

Mulheres são mais conservadoras

"O papel da mulher na sociedade é diferente do passado, quando ela dependia da aposentadoria do marido", pontua Osvaldo do Nascimento, presidente da Itaú Seguros. "Além disso, a expectativa de vida da mulher é maior que a do homem. Hoje, elas começam a pensar em qualidade de vida sem depender do marido. Caso se separarem também, estão asseguradas", complementa.

Se a mulher contribui com R$ 120 por mês, com uma taxa de juros a 0,8% durante 25 anos, terá acumulado R$ 150 mil. "Isso assegura uma renda mensal de R$ 1.000 que, somada ao INSS, dá uma aposentadoria considerável", conta Nascimento. Se o período de contribuição for ampliado para 40 anos, a renda mensal equivale a R$ 4.000.

SUGESTÃO - Quem ganha até R$ 1.500 mensais, faz a declaração simples. O ideal, portanto, é aderir ao VGBL, orienta o executivo.

Para valer a pena o PGBL, o contribuinte deve aplicar até 12% de seus rendimentos anuais, para deduzir do IR. "Se quiser aplicar mais, é recomendável colocar o restante no VGBL".

PERFIL - Priscilla Chiavelli, gestora de produtos de previdência do Santander Seguros, conta que a maioria das mulheres prefere aplicar no VGBL (60%). Além disso, elas são conservadoras na hora de investir. "Quase 90% preferem a renda fixa". Dos 120 mil clientes, 43% são do sexo feminino. Em uma comparação por faixa de renda, entre os que têm menor poder aquisitivo e aplicam em previdência privada, as mulheres são maioria, segundo Priscilla, representando 54%.

Já entre os que têm salários maiores, 36% são do sexo feminino. Outro dado é que a idade média de inicio da contribuição vêm diminuindo. "As mulheres começam a investir cada vez mais cedo. Antes, a idade média era de 39 anos. Hoje, já chega a 34", finaliza.




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