A reforma administrativa do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), que deve chegar amanhã na Câmara, além de dar mais poder à Secretaria de Orçamento e Planejamento Participativo, comandada pela primeira-dama, Nilza de Oliveira, deverá também criar pelo menos 74 novos cargos dentro da máquina administrativa. Segundo dados do custo da reforma administrativa, as alterações reduzirão para 1.010 o número geral de cargos - 20 a menos que a da atual estrutura - mas aumentará em R$ 1,13 milhão por ano os custos com a folha de pagamento. O valor é equivalente a R$ 94,3 mil ao mês.

O balanço do número de cargos da estrutura mostra que haverá aumento de diretores - passando dos atuais 42 para 47-, assistentes de diretoria - de 41 para 47 -, chefes de divisão - de 58 para 76 - e de sessão - de 188 para 230. Em compensação, o chefe do Executivo afirma reduzir de 25 para 24 o número de Pastas (embora a gestão passada contabilizasse 21 secretarias) e em 27 a quantidade de assistentes técnicos administrativos, que no governo William Dib (PSB) eram 51.

Outra mudança é que a nomenclatura de assessor de secretaria será substituída pela de secretário adjunto e passará de 21 cargos comissionados para 23.

Comandada pela mulher de Marinho, a Pasta de Orçamento e Planejamento Participativo deverá receber o departamento de Orçamento (com previsão de R$ 2,3 bilhões para 2009), que antes pertencia à Secretaria de Finanças. Também ficará no comando de Nilza todas as atribuições da Coordenadoria de Ações Comunitárias. Os departamentos de Informações Sociais e Econômicas, de Planejamento Participativo e de Planejamento e Orçamento continuam funcionando nos mesmos moldes da gestão de Dib.

Pastas -  Está previsto no projeto de reforma administrativa a criação das Pastas de Segurança Urbana e a de Administração e Modernização Administrativa. As secretarias de Educação e Cultura e também a de Habitação e Meio Ambiente serão desmembradas. As outras deverão passar por mudanças estruturais, classificadas pelo prefeito, no dia 20, como "fundamentais para que a máquina funcione da forma desejável para implantação do plano de governo."

Vereadores dizem que projeto não chega

A expectativa da chegada de um projeto do chefe do Executivo de São Bernardo para a Câmara após dois meses do início do mandato e cinco sessões ordinárias realizadas já está virando motivo de piada nos corredores do Paço Municipal. Boatos dão conta de que a tão falada reforma administrativa, que deverá ser o primeiro projeto do prefeito Luiz Marinho (PT) ao Legislativo, não será enviada até amanhã.

"Já estamos na segunda-feira (ontem) e não chegou. Não estou vendo grandes movimentações sobre o assunto. Então acredito que ele não mande até amanhã", afirmou o vereador Antônio Cabrera (PSB). Ele afirmou não concordar com a criação de novos cargos na Prefeitura. "Poxa, esperava que o Marinho fosse reduzir, já que ele atacou tanto o assunto durante a campanha eleitoral."

O parlamentar também vê com desconfiança a mudança da nomenclatura do cargo assessor de secretaria para secretário adjunto. "Não acho que seja somente mudança de nome. E se for só isso, acho desnecessário. Há coisas muito mais importantes a serem feitas."

Para o vereador oposicionista Ary de Oliveira (PSB), a reforma tem, principalmente, a intenção de beneficiar pessoas que apoiaram Marinho durante as eleições. "Não há outra explicação. Vamos ficar atentos a todos os detalhes, assim que o documento chegar em nossas mãos."

Durante a tarde e a noite de ontem, vereadores que formam a bancada governista não foram encontrados pela reportagem. Todos estavam em reuniões. Segundo especulações, o tema era a viabilização da reforma administrativa na Câmara sem desgaste para o Executivo.