A costumeira tranquilidade do São Paulo foi quebrada ontem. Insatisfeito com o rendimento da equipe, o técnico Muricy Ramalho resolveu reunir os jogadores para uma conversa acalorada na reapresentação do elenco após a derrota para o Santos.

O papo foi necessário não somente pelo resultado negativo no clássico. A postura dos jogadores em campo é o que mais preocupa o treinador. O time tem sido apático, sem vibração, bem diferente do que era ano passado.

Muricy viu como última alternativa chacoalhar o grupo para não correr o risco de a situação piorar às vésperas de um jogo tão importante como o de quinta-feira, contra o América de Cali, na Colômbia, pela Libertadores. Se perder, o São Paulo ficará em uma situação desconfortável na competição.

"Está faltando pegada. Esse foi o tom da conversa que tivemos", revelou o ala Zé Luis. "O São Paulo só funciona no limite. Precisamos marcar forte, não podemos dar espaço. Estamos marcando de longe. Queremos só atacar, e assim não dá para jogar."

A cobrança, segundo Zé Luis, foi forte, no melhor estilo do treinador. "Por ser muito amigo, o grupo se cobra pouco. A função do Muricy é essa mesmo. Ele achou que não foi só nesse jogo. O time não estava jogando como deve nas últimas três partidas. Ele nos alertou porque ainda é começo de ano", contou o ala.

O volante Hernanes foi ainda mais crítico com o momento da equipe são-paulina. "As vitórias, às vezes, mascaram os nossos erros. Vencendo nós passávamos cera em cima. Agora todos nós estamos fazendo uma forte reflexão para descobrir onde podemos contribuir um pouco mais", explicou o jogador.

Para Hernanes, o São Paulo está devendo bastante neste começo de temporada e, por isso, não coloca mais medo em ninguém. "Até conseguimos algumas vitórias, mas deixamos a desejar. O mais importante não é só vencer, e sim reencontrar aquela força que deixa o adversário temeroso".