Pouco mais de um ano depois de anunciar com pompa e circunstâncias um investimento de R$ 1,5 bilhão na fábrica de São Bernardo para ampliar a produção em 25%, a Mercedes-Benz decidiu ontem conceder férias coletivas para seus 7.000 funcionários entre os dias 23 de fevereiro a 4 de março.

 A empresa alega que necessita de ajustar a produção à demanda do mercado que ainda não reagiu no início deste ano.

 O acordo com a maior montadora de caminhão e ônibus do Brasil, foi fechado ontem com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Walter de Souza Filho, um dos diretores da entidade, afirma que as negociações vem desde o começo do ano. "As férias é uma das maneiras de flexibilizar o trabalho e evitar a demissão", diz o sindicalista.

 Porém, o sindicato discorda do número de funcionários que irão parar. Souza afirma que 5.000 funcionários terão férias coletivas e outros 1.000 irá sair de férias normais (referentes a saldo que varia de 18 a 30 dias), e retornam também no dia 5 de março.

 Em nota o sindicato afirma que dois dias do Carnaval serão abonados abonados pela empresa.

 O sindicato afirma ainda que a Mercedes é uma das montadoras instaladas em São Bernardo, que ainda não havia lançado mão da extensão das férias coletivas, como fizeram as demais. No final de 2008, a empresa concedeu período normal de folgas, englobando os feriados de Natal e Ano-Novo.

 Dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) afirmam que foi registrada uma forte queda nas vendas de veículos comerciais em janeiro - a retração foi de 24,4%.

 A Mercedes-Benz, que é líder no mercado brasileiro na produção e venda de caminhões e ônibus, produziu em 2008, em dois turnos de trabalho 66 mil veículos (entre caminhões e ônibus). O volume foi 12% superior ao total fabricado em 2007, que totalizou 59 mil unidades.

 VOLKS - A Volkswagen Caminhões e Ônibus, segunda colocada do mercado, também irá parar a produção por 13 dias, de 23 de fevereiro e 5 de março para evitar a formação de estoques de veículos na fábrica de Resende, no Rio de Janeiro. A montadora informou que ainda não sabe quanto dos 3,500 metalúrgicos irão paralisar suas atividades.

 METAL2 - Ainda no setor de montadoras de caminhão, a Metal 2, de Santo André, comunicou ontem ao Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, em reunião, que irá demitir 22 funcionários de seus 144.

 Adilson Torres dos Santos, o Sapão, afirma que a empresa alegou que sua produção caiu muito nos últimos meses. "A direção afirma que em outubro produzia 220 toneladas e nos dois meses seguintes caiu para 90 toneladas", diz.