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Favelas vivem processo de urbanização

Criados de forma precária, núcleos habitacionais seguem caminho para se transformar em bairros

Vanessa Fajardo
Do Diário do Grande ABC
12/01/2009 | 07:00
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Se antes as favelas eram entendidas como um fenômeno provisório que reunia famílias de passagem, hoje a situação é outra: recebem infraestrutura do governo nas diferentes esferas e consolidaram-se como núcleos habitacionais. Só no Grande ABC no ano passado foram destinados à habitação mais de R$ 255 milhões por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo federal e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

A região tem hoje 225 mil pessoas que moram em favelas ou imóveis precários. O número representa 9% dos habitantes do Grande ABC. Gente demais para espaço e orçamento de menos. Só no bairro Montanhão, em São Bernardo, um aglomerado de favelas reúne cerca de 112 mil moradores, número que equivale a quase toda a população de Ribeirão Pires.

"O poder público entendeu que reassentar as pessoas das favelas para outras áreas fica caro, praticamente inviável. Elas passaram a ser encaradas como uma questão permanente fazendo com que surgisse a urbanização", explica Alex Abiko, professor de Planejamento Urbano da Politécnica da USP (Universidade de São Paulo).

A também professora de Planejamento Urbano da USP, Ermínia Maricato, concorda sobre a mudança de consciência. "As favelas existem desde o começo do século e acompanharam o processo de urbanização do Brasil. Acontece que há 30 anos se achava que era o caso de uma população marginal que iria desaparecer."

Nova visão e urbanização criaram favelas muito diferentes das encontradas na década de 1980. Hoje, a maioria não tem barraco de madeira, está em casas de alvenaria quase sempre repletas de eletrodomésticos. As ruas têm asfalto e a iluminação chega pela rede oficial de energia elétrica. Possuem igrejas, lan houses, mercearias, quitandas e lojas de roupas. Espécies de minicidades populosas com residências sem endereço, mas que ainda são vistas com preconceito.

"Quem faz o lugar são os moradores. Eu adoro estar aqui, tenho muitos amigos e me sinto bem", diz o eletricista Ludergenio Balbino Anatório, 30 anos, morador do Montanhão há nove anos.




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