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Nairo abre o 'livro de histórias' do Azulão
Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
07/12/2008 | 07:11
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Em entrevista ao Diário na última quinta-feira, data de comemoração de 19 anos de fundação do São Caetano, o presidente do clube, Nairo Ferreira de Souza, manifestou decepção com a campanha da equipe neste ano e revelou o desejo de fazer com que o Azulão volte às origens. Ou seja, olhe mais para suas categorias de base e de outros times da Segunda e Terceira divisões. Em outras palavras, os chamados ‘medalhões' estão com os dias contados.

De acordo com o dirigente, só serão contratados jogadores que demonstrem identificação com o projeto do São Caetano de voltar à elite do futebol brasileiro. "A intenção é unir a experiência à vontade de crescer no futebol dos novos jogadores. Queremos gente com vontade de vencer na vida, que pense em um dia chegar aos grandes clubes, como Corinthians, Palmeiras. Não queremos ninguém que veja o São Caetano apenas como mais um em seu currículo."

Nairo Ferreira disse não ter se decepcionado com os atacantes Finazzi e Tuta, as maiores apostas da diretoria para conseguir o acesso neste ano. "O futebol é coletivo. Não que não tenha gostado deles, mas acho que poderiam ter dado mais. O Marcelinho e o Fernando são veteranos e vejam a contribuição que deram ao Santo André. É preciso ter vontade e passar isso para os mais jovens. Eles (Tuta e Finazzi) têm contrato até o final do Paulista, mas se disserem que têm proposta de outras equipes, não vamos atrapalhar a vida de ninguém." Leia a seguir trechos da entrevista.

DIÁRIO - O senhor disse no final de 2007 que 2008 seria o ano do São Caetano. O que deu errado?

NAIRO FERREIRA DE SOUZA - Infelizmente, alguns jogadores não criaram uma identidade com o clube e o time não encaixou. Agora vamos voltar às origens, para reviver os bons tempos, dos anos 1998, 1999, 2000. Vamos olhar mais para a nossa base e de outros clubes da Segunda e Terceira divisões. Queremos gente com vontade de vencer na vida, que pense em um dia chegar aos grandes clubes, como Corinthians, Palmeiras. Não queremos ninguém que veja o São Caetano apenas como mais um clube em seu currículo.

DIÁRIO - As três trocas de técnico ao longo do Brasileiro contribuíram para que o time não realizasse o sonho do acesso?

NAIRO - O Pintado é um rapaz trabalhador, está em início de carreira e apostamos nele. Mas tivemos uma seqüência ruim. Fui muito cobrado e foi necessário mudar. Trouxemos o Guilherme Macuglia, que fez um excelente trabalho no Guaratinguetá, no Campeonato Paulista deste ano, mas também não deu certo. Aí veio o Vadão, mas, infelizmente, ele chegou tarde. Acho que se chegasse antes, teríamos conseguido o acesso.

DIÁRIO - O Tuta e o Finazzi, principais estrelas da equipe, representavam a esperança do time de voltar à Série A. Houve certa decepção com esses jogadores?

NAIRO - O futebol é coletivo. Não é que eu não tenha gostado deles, mas acho que poderiam ter dado mais. O Marcelinho e o Fernando são veteranos e vejam a contribuição que deram ao Santo André. É preciso ter vontade e passar isso para os mais jovens. Eles (Tuta e Finazzi) têm contrato até o final do Paulista, mas se disserem que têm proposta de outros clubes, serão liberados. Não vamos atrapalhar a vida de ninguém.

DIÁRIO - E quais são os planos para 2009? Se o time será bastante modificado, haverá pouco tempo de preparação para o Paulistão. A prioridade será o Estadual ou a Série B do Brasileiro?

NAIRO - Vamos ficar com 60% dos jogadores que estão no elenco. É uma boa base. Os outros 40% serão contratados. O Paulista é um campeonato gostoso de se disputar, é um dos melhores e mais importantes do País. Queremos montar um grupo forte para fazer um bom Paulista e deixá-lo pronto para a Série B do Brasileiro.

DIÁRIO - Alguns jogadores já foram dispensados. Quando começam a chegar os primeiros reforços?

NAIRO - Estamos analisando alguns nomes e creio que na próxima semana teremos condições de anunciar alguma contratação. Queremos fechar a lista de contratações até o dia 15 deste mês.

DIÁRIO - O senhor disse que a intenção é montar um clube competitivo para o Paulista e deixá-lo pronto para a disputa do Brasileiro, mas o técnico Vadão só tem contrato até o final do Paulista. Como fica essa situação?

NAIRO - Já conversei com ele. A intenção é renovarmos ao final do Paulista, mas o futebol é dinâmico. A idéia é continuarmos com o mesmo treinador até o final do ano.

DIÁRIO - O São Caetano teve uma das menores médias de público da Série B? Quais são seus planos para atrair mais pessoas aos jogos do São Caetano?

NAIRO - Nós damos ingressos às nossas torcidas organizadas e distribuimos uma média de 50 ingressos nas escolas para as crianças darem aos pais. Mais que isso, só se buscassemos as pessoas em casa. Também estamos muito perto da Capital. Os torcedores vão ver os jogos dos outros clubes, mas não vêm ver o nosso. E não é porque estamos na Segunda Divisão. O Santo André também estava e os moradores íam ver os jogos. São Caetano precisa prestigiar o time da cidade. Temos 23 mil alunos nas 232 escolinhas do São Caetano espalhadas pelo País. Espero viver mais uns 20, 30 anos para, quem sabe, um dia ver uns 25 mil torcedores nossos nos estádios.

DIÁRIO - A Timemania (criada pelo governo federal para ajudar os clubes a pagarem suas dívidas com INSS e se organizarem financeiramente) foi mesmo um bom negócio para os clubes?

NAIRO - Não é a receita esperada, mas tem dado retorno. O São Caetano é um time que paga em dia, que honra seus compromissos. A receita é de cerca de R$ 40 mil, R$ 50 mil ao mês.

DIÁRIO - A arquibancada amarela do Anacleto Campanella está interditada há pouco mais de dois anos. Quando a reforma do estádio será concluída?

NAIRO - A capacidade é para 21 mil tocedores e hoje só pode receber 16 mil. A reforma não continuou por causa do período de eleições. Mas conversei com o prefeito (José Auricchio Júnior) e ele garantiu que antes de fevereiro as obras serão retomadas e concluídas em 120 dias.

DIÁRIO - O São Caetano acaba de completar 19 anos. O senhor está no clube desde a fundação. Que lembranças o senhor tem desse período?

NAIRO - Tivemos momentos bons e ruins. Um bom momento foi a conquista do título do Campeonato Paulista (2004). Os outros foram os dois vice-campeonatos do Campeonato Brasileiro (2000 e 2001) e quando eliminamos o América (México) no Estádio Azteca (Libertadores de 2002). Um momento triste foi a queda das arquibancadas de São Januário na final com o Vasco (Copa João Havelange, em 2000) e outro o episódio do Seginho (zagueiro do São Caetano que morreu em campo, vítima de problemas cardíacos, em outubro de 2004, em uma partida do Brasileiro contra o São Paulo, no Morumbi). Mas tive mais alegrias do que tristeza.




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