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Tocha olímpica chega à China sob forte esquema de segurança
Da AFP
31/03/2008 | 08:46
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A China celebrou nesta segunda-feira o início do percurso da tocha olímpica em seu território, em meio a rígidas medidas de segurança que ressaltam a preocupação das autoridades com eventuais protestos pró-Tibete, pela situação dos direitos humanos ou outras questões políticas.

Depois de receber a chama procedente da Grécia, o presidente chinês, Hu Jintao, iniciou oficialmente a viagem da tocha olímpica durante uma cerimônia exibida pela televisão na Praça da Paz Celestial (Tiananmen), no coração político de Pequim.

A viagem, que terá duração de 130 dias, levará a chama a 19 países antes de voltar à China, onde percorrerá o país por três meses, passando pelo topo do Evereste e até mesmo pelo Tibete. Jintao segurou a tocha antes de passá-la a Liu Xiang, um símbolo esportivo da China, campeão olímpico e mundial dos 110 metros com barreiras.

As imponentes medidas de segurança ressaltaram que o regime comunista estava decidido a evitar que a viagem da tocha começasse com qualquer sinal de protesto, como haviam anunciado os defensores dos direitos humanos e da causa tibetana.

A polícia espalhou oficiais durante a noite de domingo pela Praça da Paz Celestial, cenário dos protestos pró-democracia de 1989 e cuja repressão terminou em banho de sangue. A cerimônia foi reservada a cinco milconvidados. Policiais e soldados trabalharam para evitar a entrada de pessoas não autorizadas.

Diversas organizações e personalidades advertiram que pretendiam utilizar a viagem da tocha olímpica para chamar a atenção do mundo sobre a crise no Tibete, os estreitos laços de Pequim com o governo do Sudão - por causa da situação em Darfur - e a questão dos direitos humanos no país asiático.

No campo internacional, o tema predominante é o Tibete, onde a repressão de três semanas de protestos contra o regime chinês despertou a preocupação dos líderes mundiais. Os protestos na capital tibetana, Lhasa, começaram em 10 de março por ocasião do aniversário da revolta frustrada de 1959 contra a ocupação chinesa.

A repressão do levante obrigou o Dalai Lama, líder do budismo tibetano, a partir para o exílio na Índia, onde vive desde então. As manifestações de março resultaram em distúrbios em Lhasa e chegaram a outras províncias chinesas com minorias tibetanas.

Segundo Pequim, os manifestantes mataram 18 civis e dois policiais. De acordo com os líderes tibetanos no exílio, a repressão chinesa dos protestos deixou 140 tibetanos mortos, quase mil feridos e um número incerto de presos.

Apesar da forte presença de soldados em Lhasa, no sábado aconteceu um novo protesto na capital tibetana, segundo as ONGs International Campaign for Tibet e Free Tibet Campaign.

A chama olímpica passará uma primeira vez pelo Tibete em maio, a caminho do Evereste, e de novo em junho para percorrer Lhasa. As autoridades chinesas já anunciaram que as medidas de segurança serão intensificadas nestas etapas.

Depois de um protesto durante a cerimônia de acendimento da tocha na semana passada na Grécia, a televisão estatal chinesa exibiu a cerimônia desta segunda-feira com um leve atraso. As imagens exibiam a menção "vivo", mas foram transmitidas com um minuto de atraso, ao que tudo indica para possibilitar um corte ou mudança na programação em caso de protestos.

Grupos pró-tibetanos e outros ativistas já anunciaram protestos programados para etapas chaves da viagem da tocha, incluindo Londres em 6 de abril, Paris no dia seguinte e São Francisco (EUA) no dia 9.

Outros pontos de possíveis manifestações incluem Nova Délhi em 17 de abril. Por este motivo, o governo chinês já discute com a Índia possíveis medidas de segurança. A Índia, além de residência do Dalai Lama, também abriga a sede do governo tibetano no exílio. Na terça-feira, a tocha olímpica seguirá para Almaty, no Cazaquistão.



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