Setecidades Titulo Meio ambiente
No dia 22, deixe o carro na garagem
Renata Gonçalez
Do Diário do Grande ABC
01/09/2008 | 07:28
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Depois de conseguir destaque no calendário de mais de 1.800 cidades pelo mundo afora (56 delas no Brasil), chegou a vez de o Dia Mundial sem Carro ser adotado para valer no Grande ABC.

Celebrada no próximo dia 22, a data é um movimento em defesa do meio ambiente e da qualidade de vida. O objetivo é incentivar a população a deixar o automóvel na garagem, buscando outras alternativas para se deslocar.

Mediante a fraca adesão das prefeituras da região nas edições passadas do Dia Mundial sem Carro, em 2008 a iniciativa tem o apoio do Diário, que dá início hoje à campanha Sabendo Usar Não Vai Parar.

O jornal abraçou a preocupação com os congestionamentos na Região Metropolitana. Prova disso é a publicação da série De Olho no Trânsito, suplemento de periodicidade mensal lançado em junho. A cada número o caderno dá enfoque a um modo de transporte, provocando a discussão em torno de sua participação no trânsito. Transporte sobre trilhos, motos e bicicletas são temas já contemplados.

Com frota que ultrapassa 1,2 milhão de carros (média de 2,3 veículos por habitante), o Grande ABC tem pelo menos 37 pontos de congestionamento crítico. A maior parte está concentrada em Santo André, São Bernardo e Diadema. Ocorrem invariavelmente de segunda a sexta-feira, em dois horários: das 7h às 8h30 e das 17h às 18h30.

Cerca de 40% da área urbana do Grande ABC é destinada ao automóvel. A situação beira o caos e justifica a adoção do Dia Mundial sem Carro, na avaliação de João Luiz da Silva Dias, presidente do Instituto Rua Viva, ONG mineira que deu início às ações do movimento no Brasil.

"Vivemos o colapso da mobilidade, em que a maior parte das cidades emergiu após o advento do automóvel", explica Dias, também ex-presidente as empresas de transporte público Metrobel e BHTrans. "Trata-se de um sistema que exclui outros modais, como a bicicleta e o pedestre, sem oferecer transporte público de qualidade."

Para aderir ao Dia Mundial sem Carro basta deixar o automóvel em casa, substituindo-o por ônibus, trem ou metrô (integrados ou não). Quem não tem como abrir mão do automóvel pode compartilhar caronas com pessoas que fazem o mesmo trajeto. O que importa é engrossar o protesto.

Data é tradição em outras cidades brasileiras

Em 2007, 56 cidades brasileiras organizaram algum tipo de ação para lembrar o Dia Mundial sem Carro. A pioneira é Belo Horizonte (MG), que há sete anos tornou-se adepta da celebração.

Também é na capital mineira que são realizadas diferentes formas de protesto, sempre promovidas pela empresa que gerencia o trânsito local, a BHTrans, em parceria com as ONGs Instituto Rua Viva e com o Comitê BH pela Mobilidade Sustentável.

No ano passado militantes mineiros aprisionaram, simbolicamente, um carro na região central de Belo Horizonte. A programação foi completada com o fechamento de duas ruas, cobertas com grama e transformadas em áreas de lazer.

Em Americana, interior de São Paulo, a população participou de uma caminhada que culminou com o plantio de mudas de árvores.

Adepta ao Dia Mundial sem Carro há três anos, São Paulo teve baixa adesão por parte dos paulistanos. Houve congestionamentos, e calcula-se que a quantidade de veículos que trafegaram pelas ruas tenha sido menos de 1% inferior do que o habitual.

Protesto incentivou europeu a deixar o carro em casa

Deixar de usar o carro por um dia como forma de protesto foi uma idéia concebida há dez anos, na cidade de Rochelle, na França. No ano seguinte, outras 35 localidades francesas se simpatizaram com a causa, e o protesto ganhou força em outros países europeus.

Ao Dia Mundial sem Carro é atribuído o fato de que, em uma década, em toda a Europa, houve aumento de 10% no número de usuários de transporte público, e um salto de 900% na população de ciclistas.

Em pouco tempo o protesto ganhou o mundo e recebeu o nome de World Carfree Day. Dentre as cidades onde a militância anti-automóvel é mais forte no dia 22 de setembro estão Montreal e Toronto, no Canadá; Upsala, na Suécia; a californiana Oakland, nos Estados Unidos; e em Moscou, na Rússia.

A capital chinesa, Pequim, adotou o protesto em 2007, em função do alto índice de poluentes no ar. No entanto, a cidade-sede da Olimpíada enfrentou congestionamentos em conseqüência da baixa adesão dos chineses.




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