Economia Titulo Crescimento
Produção industrial aumenta 8,8%
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
31/07/2008 | 07:24
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O setor industrial do Estado de São Paulo registrou crescimento de 8,8% na produção no primeiro semestre em relação a igual período do ano passado. O resultado só ficou abaixo do observado nos seis meses iniciais de 2004, quando houve uma expansão de 11,4%, de acordo com dados de uma pesquisa do Ciesp e da Fiesp (Centro e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Para o bom desempenho no semestre, em junho houve uma alta de 3,1% frente a maio, após uma queda de 2,7% nesse mês na comparação com abril.

A recuperação no mês passado animou o diretor-titular do Depecon (Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos) da Fiesp/Ciesp, Paulo Francini, que já esperava o início de um processo de acomodação no nível de atividade, por conta de fatores como a elevação da taxa de juros, a valorização cambial e o aumento da inflação.

VEÍCULOS
O indicador geral da indústria no semestre refletiu o comportamento favorável em atividades como a fabricação de produtos eletrônicos, que cresceu 20% de janeiro a junho, a área de veículos, que registrou alta de 13,2%, máquinas e equipamentos (11%) e o ramo de artigos de borracha e plástico, que apresentou incremento de 7,3%.

"Neste ano, a economia funcionou bem, principalmente para os setores ligados à indústria automotiva, que deslancharam", diz o diretor da regional do Ciesp de São Caetano, William Pesinato.

Um exemplo é o segmento de itens de borracha e plástico. Os números da Fiesp mostram uma recuperação nessa atividade, depois de um período de retração em 2006. O Grande ABC é um pólo de empresas dessa atividade.

PROBLEMAS - A Produflex, de Diadema, que produz mangueiras e outros itens de borracha para o setor automotivo, registra aumento de 11% em vendas no semestre frente a igual período de 2007.

O presidente da empresa, Edgar Solano Marreiros, que também é presidente do Sindibor (Sindicato da Indústria de Artefatos de Borracha do Estado de São Paulo), afirma que, em volume de encomendas, o desempenho "está muito bom".

No entanto, ele afirma que, em função da demanda mundial aquecida, tem faltado alguns tipos de matéria-prima para a borracha sintética, como o butadieno, cujos preços cresceram 50% neste ano. "Com isso, a rentabidade caiu assustadoramente", disse.

O real valorizado também tirou espaço no Exterior. A Produflex chegou a exportar 19% da produção no ano passado. Neste ano, reduziu para 6%. "São contratos antigos, não está compensando", conclui Marreiros.

Fiesp revisa para cima e prevê crescimento de 6,5% este ano

Devido ao forte desempenho no primeiro semestre, a Fiesp revisou para cima sua previsão para o nível de atividade industrial no fim de 2008. A projeção inicial era uma alta de 5,5% e agora passa a ser de 6,5%.

Apesar do prognóstico revisado, o gerente do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da entidade, André Rebelo, considera que o desempenho dos primeiros seis meses não deve se repetir no final do ano. "Para fechar a 6,5%, terá de crescer 4% daqui para frente", observa.

Com isso, a expectativa é de uma desaceleração, em função de fatores como a elevação da taxa básica de juros, a Selic, e da queda do dólar frente ao real. "A taxa de câmbio só cai. Isso aumenta o desconforto para o setor produtivo nacional, que passa a concorrer com o produto importado em condições desiguais", disse o gerente.

Segundo Rebelo, os efeitos da gradual alta dos juros e da baixa do dólar devem impacta com mais contundência no médio prazo. Especialistas avaliam que, para 2009, o setor industrial deve desacelerar e crescer 3,5% a 4%. A Fiesp ainda não tem projeção oficial para 2009.




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