Esportes Titulo Tênis de Mesa
Hoyama desvenda mistérios da China
Nilton Valentim
Do Diário do Grande ABC
03/08/2008 | 07:21
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Se para a maioria dos atletas que disputam a Olimpíada de Pequim a China assusta pelo desconhecido, para Hugo Hoyama é quase que um habitat natural. O país tem o tênis de mesa como primeiro esporte e o representante de São Bernardo já esteve por lá inúmeras vezes durante a carreira.

"Me sinto em casa na China. Aliás, gostaria muito de disputar uma partida contra eles. Seria fantástico atuar em um ginásio lotado", conta o mesa-tenista, que este ano disputa sua quinta olimpíada. "Quem sabe a gente não surpreende e consegue essa proeza na final", sonha a atleta.

Hoyama e os demais jogadores da equipe brasileira já estiveram diversas vezes na China e sabem muito bem o que encontrarão pela frente. "Já joguei lá, participei de vários treinamentos. A torcida chinesa é fanática. Lá você encontra as pessoas jogando em praças públicas. São jovens, idosos, mulheres, crianças. Eles conhecem muito bem o esporte", aponta.

Pequim deverá marcar a despedida de Hoyama dos Jogos Olímpicos. Aos 39 anos, ele prepara sua saída de cena, mas evita a todo custo falar em aposentadoria. "Eu tenho intenção de continuar a jogar em alto nível. Mas isso vai depender muito do que ocorrer após a Olimpíada. Meu preparador físico, Nuno Cobra - o mesmo que acompanhava Ayrton Senna -, diz que posso ir até os 50 anos", planeja.

Hoyama garantiu a vaga para Pequim na última hora. Contundido, ficou fora das principais competições em 2007 e vai aos Jogos graças ao chamado do treinador da Seleção Brasileira, o chinês Wey Jianren, que já foi seu técnico e conhece muito bem as suas qualidades. "Esta será uma olimpíada diferente, foi a primeira vez em que dependi de uma convocação técnica", reflete.

Mais experiente do grupo que representará o País, ele terá como missão, além de jogar, ser uma espécie de segundo treinador para a equipe brasileira.

"Conheço muito bem esse grupo. A convivência é muito boa e sou aquele cara que descontrai. O Gustavo (Tsuboi) e o Thiago (Monteiro) são caxias. Eu quero deixar eles mais descontraídos fora da mesa para que tudo dê certo durante os jogos", declara.

Olho no futuro - Hoyama preocupa-se também com a formação de uma nova geração de jogadores de tênis de mesa. Em sua opinião, os mais jovens perdem um pouco o foco do esporte e isso pode ser perigoso.

"Antes não tinham tantas baladas, nem o próprio computador. Hoje os garotos são verdadeiros corujões, ficam até tarde na internet. Sem dormir bem, é impossível se dedicar totalmente ao esporte", conclui.

Mesa-tenista será colunista do ‘Diário' durante os Jogos

Um dos mais vitoriosos atletas do País, com nove medalhas de ouro em Jogos Pan-Americanos e disputando em Pequim a quinta e talvez última olimpíada, Hugo Hoyama aceitou o desafio de produzir uma coluna para o Diário durante o período em que estiver na China.

A cada dois dias, o mesa-tenista de São Bernardo enviará textos e fotos que irão mostrar os bastidores dos Jogos Olímpicos de uma maneira pouco convencional, vista pelos olhos de quem compete.

Aos 39 anos, Hoyama estará ao lado dos mesa-tenistas Gustavo Tsuboi, Thiago Monteiro e Mariany Nonaka. Atrapalhado por uma contusão, o jogador não conquistou vaga para as disputas individuais e foi convocado pelo técnico Wey Jianren para participar da equipe nacional.

Chineses são os reis da mesa e querem quatro ouros em casa

O tênis de mesa está para a China como o futebol para o Brasil. A modalidade é paixão nacional e os chineses não se contentarão com outro resultado que não seja a conquista das quatro medalhas de ouro (individual e por equipes, masculino e feminino). Seus maiores adversários serão a Coréia do Sul e a Alemanha.

O país possui os melhores jogadores e quer superar o trauma de Atenas, quando o sul-coreano Ryu Seung-Min superou o número um do mundo, Wang Hao. Foi a única derrota chinesa na modalidade desde Seul (1988), quando o tênis de mesa passou a fazer parte do programa olímpico.

Em Pequim, a modalidade será disputada com uma nova regra. Substituiu-se o torneio de duplas pelo de equipes, mas para a China isso não muda nada. "Nosso verdadeiro inimigo em Pequim não é o sistema de competição, mas nós mesmos", assegura Hao.




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