Candidato à reeleição, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) propôs firmar PPP (Parceria Público-Privada) para construção de moradias populares no Grande ABC. Ao lado de aliados, o tucano realizou ontem caminhada em centros comerciais das cidades de Diadema, São Bernardo e Santo André, falando com exclusividade ao Diário sobre suas propostas para a região em eventual próximo mandato.

A ideia do governador é reproduzir na região o modelo da primeira PPP para Habitação que será aplicada no Centro expandido da Capital para erguer cerca de 14 mil unidades, com previsão de investimento de R$ 3,5 bilhões. O edital, que será publicado na quarta-feira, estipula que o Estado oferece os terrenos e imóveis desocupados para evitar desapropriações e a iniciativa privada constrói as moradias.

“A demanda por moradias é enorme, desafio para encontrar terrenos. Temos grande potencial de investimento. Somos o único Estado que investe 1% da arrecadação com ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) em Habitação. Se a PPP da Habitação no Centro expandido de São Paulo for bem sucedida, vamos estender esse modelo para a Região Metropolitana, incluindo o ABC”, destacou.

O projeto é parceria entre Estado e prefeitura de São Paulo que visa repovoar o Centro, região que concentra 20% das empresas de serviços da cidade. A concessão será de 20 anos para construção de unidades com média de 50 metros quadrados, no entorno das estações da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), Metrô e terminais de ônibus. A demanda ficará direcionada a movimentos sociais de habitação e trabalhadores locais. O interessado precisa ter renda entre um e 10 salários mínimos paulista (R$ 810).

Além de PPP, o governo do Estado constrói casas populares por meio do CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano) e do programa Casa Paulista. “Se não fosse o Casa Paulista, não existiria o Minha Casa, Minha Vida, (do governo federal) em São Paulo. E não é só construção de moradias, o Estado faz também urbanizações. Um exemplo é o que está sendo feito no Jardim Santo André (na periferia de Santo André).”

Alckmin iniciou a atividade às 12h no entorno da Praça Castelo Branco, em Diadema, seguiu para a Praça da Matriz e fez corpo a corpo na Avenida Marechal Deodoro, em São Bernardo. Ele encerrou a romaria às 16h no calçadão da Oliveira Lima, em Santo André. “Nosso trabalho é sempre republicano, independentemente do partido, do prefeito e município. Estamos sempre buscando a direção de firmar parcerias com os municípios, governo federal e iniciativa privada”, afirmou o governador sobre parcerias com prefeitos do PT, adversário do PSDB.

Lauro ignora PV e reafirma apoio ao PSDB

Prefeito de Diadema, Lauro Michels ignorou mais uma vez o candidato ao Palácio dos Bandeirantes do seu partido, o PV, Gilberto Natalini, e participou de caminhada do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que busca reeleição, ontem no Centro do município.

Além da presença de Lauro, muitos cabos eleitorais uniformizados com camisetas do PV e os candidatos da sigla a deputado federal, Márcio da Farmácia, e à estadual, Regina Gonçalves, participaram da atividade do tucano na Praça Castelo Branco.

“Geraldo é meu candidato, eu tenho esse compromisso. Tudo é mão de via dupla. O governador me ajudou em várias conquistas como a Rede Lucy Montoro, Poupatempo (de serviços), Fábrica de Cultura, manteve a integração (tarifária) nos terminais de ônibus e está tentando AME (Ambulatório Médico de Especialidades) para Diadema. Não posso abrir mão de um candidato como esse que vem sendo parceiro”, defendeu o prefeito.

Para Lauro, a postura não cria constrangimentos com o partido. Ele disse ter acertado diretamente com a cúpula do PV a decisão de apoiar Alckmin, Eduardo Jorge (PV) à Presidência e José Serra (PSDB) ao Senado. “É uma causa partidária (voo solo) que é grande, importante para a legenda, é obvio, mas é candidato (Natalini) que não tem chance (de vencer). Não fez trabalho anterior para construir uma base”, concluiu o verde.

‘Estratégia de adversários é ineficaz’

Coordenador da campanha de reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB), o secretário-chefe da Casa Civil, Edson Aparecido, afirmou que a tendência é “aquecer” as atividades na reta final da eleição e que a estratégia traçada pelos adversários, Alexandre Padilha (PT) e Paulo Skaf (PMDB), é ineficaz.

“Os dois estão atacando o governador há 90 dias, não fazem outra coisa. O Skaf não apresentou absolutamente nada de novo, nem tampouco o Padilha. Não vão mudar a estratégia deles até o fim da campanha. Tanto é que, na média do conjunto, mantivemos a mesma intenção de votos. Aprovação do governo cresceu e a rejeição diminuiu. Definitivamente (a estratégia dos adversários) não surtiu o efeito que eles queriam”, pontuou Aparecido.

Alckmin tinha 50% das intenções de voto em julho, manteve em agosto, caiu para 47% no começo deste mês e a última sondagem mostra 48% da preferência, segundo dados do Ibope. O indicador mantém previsão de vitória do tucano em primeiro turno.

Diante dos resultados, a receita para os últimos dias de campanha será de intensificar corpo a corpo pelas ruas. “Nós mostramos o que o governador fez e ele tem muita coisa para mostrar. Até a parcerias com o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC foram exitosas, inclusive prefeitos de partidos de oposição reconhecem isso”, afirmou o coordenador do projeto do PSDB.

Região vira ‘parada obrigatória’ para candidatos, dizem aliados

Para aliados do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que o acompanharam em caminhadas ontem, o fato de o Grande ABC ter sido frequentemente visitado por candidatos à Presidência, ao Estado, Senado e demais parlamentos nesta eleição, mostra reconhecimento e define a região como “parada obrigatória”.

“Para mim é normal. Passei quatro anos muito presente aqui”, afirmou o governador, que destacou investimentos em Mobilidade, Saúde, Educação e infraestrutura.

Secretário estadual de Esporte, Lazer e Juventude, o ex-prefeito de São Caetano José Auricchio Júnior (PTB) avaliou que a região está retomando reconhecimento nacional. “Os governos investiram muito aqui. O Estado é muito presente e a União tem sua participação. A região não tinha esse protagonismo há muitos anos. Está voltando a ter.”

“Estamos inseridos na Região Metropolitana, mas vivemos situação provinciana. É muito importante que os candidatos reconheçam essa importância”, frisou o deputado estadual e candidato a uma cadeira na Câmara Federal Alex Manente (PPS).

Em busca da reeleição, o deputado estadual Orlando Morando (PSDB) garantiu que Alckmin ampliará investimentos na região em um eventual próximo mandato. “É polo industrial, símbolo do setor automobilístico, berço e celeiro sindical de partidos políticos. Quem é candidato tem que passar pelo Grande ABC.”

Suplente do candidato ao Senado José Serra (PSDB), José Aníbal (PSDB) propõe que a continuidade da gestão tucana contribuirá para manutenção de empregos. “Vai ser um governo de muita inovação em tecnologia para fazer com que São Paulo esteja mais presente em cadeias produtivas globais.”

“São Paulo é o coração do Brasil e, seguramente, o Grande ABC é quase que o coração de São Paulo. Parada obrigatória de todo mundo”, disse o secretário estadual da Casa Civil, Edson Aparecido.