Política Titulo Contradição
Skaf recua e diz que construirá presídios

Há 4 dias, peemedebista afirmou que iria fechar unidades carcerárias; agora, quer erguer 19

Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
20/09/2014 | 07:12
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Andréa Iseki/DGABC


Quatro dias depois de anunciar que fecharia todos os presídios do Estado, o candidato do PMDB ao governo paulista, Paulo Skaf, recuou e prometeu, inclusive, se eleito, executar obras de 19 unidades penitenciárias, cujos editais já foram assinados.

A contradição do peemedebista se deu após defender que “uma revolução na Educação” seria o terreno ideal para o fim das penitenciárias em São Paulo. “Existe em São Paulo pouco mais de 200 mil presos e presídios que proporcionam capacidade a 120 mil pessoas. Ou seja, há um deficit. Teríamos de construir 80 centros de detenção para colocar em ordem o panorama estadual. Hoje, existem projetos de 19 novas unidades de detenção, que nós vamos tirar do papel e vamos executar”, contradisse o candidato.

O presidente licenciado da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), no entanto, reforçou que fará mesmo assim série de investimentos na Educação, acreditando ser o aporte para diminuir a população carcerária. “Fazendo isso, daqui 15 a 20 anos vamos fechar os presídios, não precisando construir mais.”

O peemedebista alçou recentemente a proposta de extinguir centros de detenção em seu plano de governo. Segundo ele, o cenário seria percorrido com adoção de políticas similares que foram aplicadas – e bem-sucedidas – em países europeus, como a Noruega e Suécia.

A projeção foi traçada em entrevista ao SPTV, telejornal da Rede Globo, na segunda-feira. Quando citou o caso, o postulante do PMDB não apresentou proposituras concretas para reverter o atual cenário carcerário do Estado, apenas sintetizou: “A criminalidade não vai acabar, mas vai diminuir”.

De acordo com dados do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), São Paulo reúne a maior população carcerária do País. Dos 563,5 mil presos no Brasil, 205 mil estão alocados no Estado, proporcionando deficit carcerário, já que estão disponíveis apenas 114.498 vagas.

Os números em nível nacional também são caóticos em comparação com levantamento mundial. O Brasil é o terceiro colocado no ranking dos países com maior população prisional, incluindo domiciliares, atrás somente dos Estados Unidos (2,2 milhões) e a China (1,7 milhão).

No Grande ABC, o cenário de defasagem também se sustenta. Nos quatros CDPs (Centros de Detenção Provisória) situados em Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá, a população carcerária soma 7.508 detidos para 2.615 vagas, registrando deficit de 65%, de acordo com dados da SAP (Secretaria de Administração Penitenciária). A situação mais alarmante ocorre no CDP de São Bernardo, onde 2.711 pessoas estão presas, com apenas 844 vagas.




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