Nacional Titulo Saúde bucal
Mau hálito pode ser
sinal de doença grave

Halitose atinge 30% da população; problema
nem sempre está ligado à falta de higiene bucal

César Barbosa
Especial para o Diário
19/09/2014 | 08:03
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Fernandes/DGABC


Na próxima segunda-feira, é o Dia Nacional de Combate ao Mau Hálito, problema que atinge cerca de 30% da população brasileira. O que muitos não sabem é que a halitose nem sempre está ligada a falta de higiene ou descuido com a saúde bucal.

O portador, que muitas vezes vira motivo de chacota, pode estar sofrendo de diabetes não controlada, refluxo, alterações hepáticas, renais, intestinais e até doenças como o câncer de estômago.

O cirurgião-dentista e presidente da Abha (Associação Brasileira de Halitose) Marcos Moura ressalta que em 90% dos casos o problema surge na cavidade bucal e não tem como a pessoa descobrir sozinha que tem mau hálito. “Apesar de existirem muitos boatos e teorias na internet, a única forma de descobrir que tem é perguntando para alguém próximo. Porque existe um processo chamado fadiga olfatória, em que o nosso nariz se acostuma com o nosso cheiro e impossibilita a identificação. Se coloco um perfume, por exemplo, após 20 minutos não sentirei mais o seu cheiro, o mesmo acontece com a boca que fica tão perto do nariz”, detalha o especialista.

Pesquisa realizada em 2008 pela Abha mostrou que 99% das pessoas que têm hálito desagradável preferiam ser avisadas, sendo assim, Moura reforça que o alerta deve ser feito com cautela. “É desagradável, mas se a pessoa observar um odor continuo, ela precisa avisar porque pode ser algo mais grave. O aconselhável é conversar com a pessoa em local isolado e com calma e relatar com cuidado. Lembrando também que o mau hálito não é só uma questão de falta de higiene, mas tem que avisar”, indica Marcos.

Quando a halitose é detectada na boca, suas possíveis causas podem ser saburra na língua, doenças da gengiva, gengivite e periodontite ou problemas na salivação. Para evitar, o dentista aconselha que a pessoa escove os dentes pelo menos três vezes por dia, passe o fio dental uma vez e use após todas as refeições o limpador de língua que controla a saburra.

“Não existe cura milagrosa, existe o acompanhamento. O mau hálito é fisiológico, se tenho uma boa salivação, uma boa higiene bucal, isso provavelmente não vai acontecer. A gente brinca que a saliva funciona como um 'detergente bucal'. Quando não escovo os dentes, a saliva tem uma ação antimicrobiana, ela está lavando a minha boca para não deixar que as bactérias fiquem paradas causando mau cheiro”, explica o profissional, que também lembra que todos sofremos com o mau hálito algumas vezes durante o dia. “Após acordar, ficar um longo período em jejum ou comer determinados alimentos, todos nós temos mau hálito. Eu acordei hoje com um hálito ruim, mas tomei meu café, fiz a devida higiene e resolvi esse problema por enquanto.

O mau hálito não tem cura, ele tem controle. Se a pessoa sofre de halitose o mais aconselhável é procurar um dentista para o tratamento ideal, entretanto, se o problema persistir é possível que o caso seja de origem sistêmica e o ideal é procurar ajuda médica imediata. “Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor”, finaliza Marcos.

A diretora da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas) Regional Santo André, Renata Pinchiari, destaca que se alimentar de duas em duas horas ajuda a evitar o mau hálito. "A alimentação periódica evitando o jejum é muito importante. Além do dentista, é importante procurar outros especialistas se a causa for sistêmica", frisa a dentista.

Pesquisa
A pesquisa elaborada em 2008 pela Associação Brasileira de Halitose aponta algumas vertentes sobre a incidência da doença como idade, tempo que a pessoa tem o mau hálito e se já foi alertada por amigos e familiares sobre o problema.

Segundo o estudo, que avaliou 127 pessoas com halitose, 88% dos entrevistados teve a vida mudada por causa do problema, 61% são do gênero feminino, 19% já sofre halitose entre 3 e 5 anos, e 4% tem a doença há mais de 40 anos. A faixa etária que mais sofre com halitose é entre 30 e 39 anos.

Cerca de 76% dos entrevistados já foram alertados por alguém, sendo que em 53% dos casos o alerta veio da família. Já 35% perguntaram para alguém, 49% receberam o alerta com constrangimento, enquanto 27% receberam com naturalidade. Boa parte não se sentiu ofendida com o recebimento do alerta. Esse número corresponde a 48%. Apenas 1% não preferia ser alertada.

A amostragem também acusou que os 127 entrevistados que sofrem da halitose também roncam (62%), 60% tomam antidepressivos e 52% não fazem praticam exercícios físicos.




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