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Volkswagen Up!: pimentinha robotizada

Câmbio automatizado prioriza economia e mina comportamento traquina do pequeno hatch

Lukas Kenji
Do Diário do Grande ABC
12/09/2014 | 08:27
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Andréa Iseki/DGABC


 Lembra do ‘Denis, o Pimentinha’? Aquele moleque que aparentava ser a mais fofa das crianças, mas que, na verdade, era o terror da vizinhança? Pois é, o personagem principal do filme que fez sucesso nos anos 1990, baseado em tirinhas de jornais norte-americanos da década de 1950, é uma boa comparação com o Volkswagen Up!

O desenho simpático do hatch esconde o seu temperamento traquina. Este comportamento está enraizado na leveza do conjunto (são 953 quilos) e no arrojado motor tricilíndrico de 82 cv e 10,4 mkgf, com etanol no tanque.

O ímpeto do carrinho, entretanto, pode ser prejudicado em nome da comodidade. O modelo disponibiliza versões com a caixa automatizada I-Motion de cinco marchas que, embora poupe esforços do pé esquerdo por não prover pedal de embreagem, acaba freando o lado divertido que compõe todo o projeto do Up!

Sabe quando alguém diz que o câmbio é amarrado? É exatamente o que ocorre aqui. As engrenagens são, digamos, preguiçosas e o veículo demora a responder. As escalonagens são curtas como manda o manual dos modelos urbanos, entretanto, o carro é mais desenvolto em relações maiores.

Mas a transmissão é salva pelo gongo – no caso, o propulsor. Ele entrega seu pico de força já aos 3.000 rpm, o que dá mais gana ao hatch. Já o ápice de potência é entregue tarde, é verdade. Só aos 6.250 giros. Esta elasticidade, no entanto, é o que dá ao pequenino uma característica de foguetinho.

Pena que em altas rotações o ruído no habitáculo seja elevado. Culpa do câmbio, que estica algumas marchas sem necessidade e, consequentemente, faz o propulsor gritar.

Por outro lado, a caixa robotizada consegue ser tão econômica quanto a mecânica – na casa dos 14 km/l na rodagem em estrada e com etanol, segundo dados do Inmetro/Conpet.

Mesmo longe da primazia, a transmissão automatizada faz com que a Volkswagen mereça aplausos. Não pela concepção do equipamento, mas pela atitude da fabricante. Confuso? Vamos à explicação. Chamado de SQ100, o projeto foi feito sob medida para o Up! e inaugurou tendência de que outros hatches compactos possuam versões que aposentem o trabalho do pé esquerdo – vide o que ocorre com o Fiat Uno 2015 (aliás, leia nas páginas 6 e 7). Outro ponto a ressaltar é o preço honesto do mecanismo do Up!: R$ 2.860 mais caro do que a configuração manual.

Embora o conjunto destile predicados como nota máxima em segurança de passageiros adultos no Latin Ncap e melhor índice de reparabilidade em medições do Cesvi Brasil, o modelo é relativamente caro. A versão avaliada Red Up! (já com I-Motion) não sai por menos de R$ 43.450.

Mas verdade seja dita, a configuração topo de linha vem completinha. Oferece direção elétrica, sensor de estacionamento, computador de bordo, faróis de neblina, rodas de liga leve com 15 polegadas, travas e vidros elétricos (estes, somente dianteiros), volante em couro e toca CDs com MP3 player e conectividade USB e bluetooth. Sistema de navegação GPS é acessório e custa R$ 1.200.




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