"Vi com enorme pesar as manifestações racistas ocorridas ontem, na Arena do Grêmio, com a tentativa de desestabilizar um companheiro de profissão. As imagens foram chocantes, provocando repulsa. É lamentável que em nosso País ainda vejamos com frequência episódios como esse. Não foi a primeira vez que nós, do futebol, somos vítimas de tamanho absurdo, mas, a cada novo constrangimento, fica sempre a esperança de que seja a última", disse o volante.
Em fevereiro, quando o Cruzeiro disputava uma partida da primeira fase da Libertadores diante do Real Garcilaso, Tinga foi hostilizado por torcedores peruanos, que imitavam macacos a cada vez que o jogador tocava na bola. A irrisória pena foi uma multa de US$ 12 mil dólares aplicada ao clube do Peru e o caso logo caiu no esquecimento.
Mas o racismo voltou a ser pauta no noticiário esportivo após o episódio envolvendo o goleiro Aranha. No fim da partida de ida das oitavas de final da Copa do Brasil contra o Grêmio, quando o Santos já vencia por 2 a 0, o atleta teve que ouvir torcedores adversários imitando macacos. Ao reclamar para o árbitro, viu as ofensas crescerem com gritos de "preto fedido" e "macaco".
"Quero aproveitar para deixar minha total solidariedade ao goleiro Aranha, profissional honrado e merecedor de todo o respeito. Vou continuar combatendo e condenando como sempre fiz qualquer tipo de preconceito, independente de acontecer com uma pessoa ligada ao futebol", comentou Tinga, afastado do esporte por uma grave lesão, sobre o caso.
As câmeras de tevê conseguiram flagrar a gremista Patrícia Moreira claramente gritando a palavra "macaco" para ofender Aranha. Nesta sexta-feira, ela começou a sofrer as consequências de sua atitude, ao ser afastada de seu emprego e atacada verbalmente nas redes sociais. Tinga, no entanto, pediu que a condenação não aconteça apenas a uma torcedora.
"Espero, também, que não seja feito nenhum julgamento hipócrita, com o intuito de condenar um ou outro torcedor sem que os verdadeiros responsáveis sejam apontados. Continuo acreditando que um dia ainda vamos viver em um mundo com mais justiça e menos desigualdades", apontou.
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