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Alunos levam alegria a hospitais

Futuros médicos pela Faculdade de Medicina do ABC convivem de forma humanizada com pacientes por meio da ONG Sorrir é Viver

Renata Rocha
especial para o Diário
24/08/2014 | 07:07
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Denis Maciel/DGABC


As roupas são coloridas. As meias, parecidas com as de jogadores de futebol, são de pares diferentes. No rosto, pinturas chamativas. Eles estão em busca de sorrisos onde é difícil encontrar. Estudantes da Faculdade de Medicina do ABC se uniram há dez anos na ONG Sorrir é Viver para levar alegria a pacientes de hospitais.

Os principais objetivos são realizar transformação no ambiente hospitalar e promover a humanização da formação médica. A ONG atua em três vertentes: a arte clown, ou palhaços, os contadores de histórias e a musicalização. “Nos inspiramos nos Doutores da Alegria, que são atores que procuram melhorar o ambiente hospitalar. O que nos diferencia é que somos estudantes de Medicina. Esse projeto nos proporciona crescimento como futuros médicos. Alunos que participaram da ONG e hoje atuam profissionalmente sentem a diferença na hora de atender o paciente”, disse o presidente do Sorrir é Viver, Murilo Furtado Mendonça Casati, 21 anos.

A preparação vem por meio de curso de formação. Com o crescimento e popularidade da entidade, a vontade dos estudantes de participar cresceu. Para manter a estrutura dos cursos preparatórios, cada interessado passa por processo de seleção que consiste em dinâmica de grupo, entrevista com professores e questionamento sobre qual a ordem de prioridade da ONG em sua vida. “Muitos pensam que o tratamento é composto só de procedimentos como cirurgias ou indicação de remédios, mas acreditamos que uma pessoa que vai até o hospital também precisa ser ouvida”, destaca Casati.

A ONG recebe apoio financeiro da Faculdade de Medicina do ABC e da Fundação do ABC. Além das visitas, realiza o congresso Medicina, Cultura e Arte e o Mutirão da Alegria. Interessados em contribuir podem entrar no site www.sorrireviver.org.

AÇÃO - Não é segredo que a rotina dos alunos de Medicina é pesada. No caso daqueles que fazem parte do Sorrir é Viver, após estudar das 8h às 17h, é o momento de tirar o jaleco e se arrumar para a nova jornada. De terça a sexta-feira, os diversos grupos agem em cinco hospitais vinculados à faculdade.

Quem passa pelos corredores pode até estranhar. “A gente fica a semana inteira no hospital, é medicamento na veia, agulhas, tudo o que as crianças não gostam. Então, é maravilhoso dar um pouco de risada e esquecer os problemas”, disse Genilda Antônia Conserva, 57, que estava acompanhando a neta Joyce, 9.

“A gente entra para faculdade e quer ter contato com os pacientes, mas é muito cedo, estou no 3º ano. Essa é uma forma de interagir e levar felicidade, que também é tratamento”, garante a aluna Priscila Fernandes Alfieri, 21, a Mademoiselle Alice Pipoca.

Fim de parceria tira artistas das unidades de Saúde de São Caetano

O grupo Operação de Riso formado por sete artistas, interrompeu as apresentações no Complexo Hospitalar de São Caetano, composto pelos hospitais Márcia Braido e Maria Braido. Eles levavam o palhaço ao ambiente hospitalar, trabalhando com pacientes, acompanhantes, profissionais da Saúde e funcionários, por sete anos. Eram mantidos pela Fumusa (Fundação Municipal de Saúde) e administrados pela Fundação das Artes. Porém, a não renovação da parceria impossibilitou os trabalhos.

O Operação de Riso foi fundado em setembro de 2006 pelos artistas Kleber Brianez e Lígia Campos. Como ser artista é o trabalho deles, recebiam salário pela ação realizada nos hospitais. Todo ano o contrato era renovado, mas com a mudança de gestão, o grupo foi informado que a Secretaria de Cultura ficaria agora responsável pela ação, antes nas mãos da Pasta de Saúde. “Ninguém se responsabilizou por renovar o contrato. Achamos o trabalho voluntário muito bom, mas vivemos disso. Apesar de amar o que faço, sou profissional”, disse Brianez.

O contrato venceu em abril e, como não tiveram retorno da Prefeitura, deixaram de agir em São Caetano. Na página do Facebook, muitos moradores cobram a volta o Operação de Riso. “Em sete anos na cidade vimos a mudança nos hospitais. Sentimos por não poder continuar”, disse Brianez.
Procurada, a Prefeitura não se manifestou até o fechamento desta edição. 




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