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O sobe e desce de nossa economia

Mesmo batendo recorde de arrecadação de impostos de R$ 1 trilhão, não vamos atingir a meta de superavit fiscal de 1,9% do PIB

Carlos Boschetti
21/08/2014 | 07:10
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A cada dia, somos surpreendidos com indicadores econômicos que afetam nossas vidas diretamente. O mais impressionante foi que batemos o recorde de arrecadação de impostos, num montante de R$ 1 trilhão, com uma semana de antecedência na comparação com 2013. Mesmo em um ano em que a performance de todos segmentos econômicos está em recessão, continuamos a pagar e arrecadar mais impostos. Porém, mesmo assim, não vamos atingir a meta de superavit fiscal de 1,9% do PIB (Produto Interno Bruto) para pagamento dos juros da divida federal. Um novo golpe foi anunciado com o deficit da Previdência Social, atualmente em R$ 40 bilhões. Ela deverá ser revista em cerca de R$ 15 bilhões, o que representará rombo de R$ 55 bilhões até o fim de 2014. O que está dando uma trégua é a inflação, cuja nova previsão indica recuo para 6,25% neste ano, devido principalmente à redução dos preços dos alimentos, que contribuíram sensivelmente para alívio da população. A nova estimativa do PIB para 2014 indica mais uma queda. O Banco Central anunciou previsão de crescimento de 0,78%, o que nos indica tendência de deixarmos o patamar de ‘Pibinho’ para o patamar de ‘Micro PIB’. Isso afeta diretamente o comércio, que foi nocauteado no primeiro semestre, indicando crescimento perto do negativo. Com isso, as indústrias já ativaram o plano B, reduzindo as compras e colocando os funcionários em regime de lay off, prevendo mais um ano de Natal de lembrancinhas.

A indústria da construção civil, que vinha puxando crescimento da economia, desacelerou (-9,1%), bem como a indústria de transformação (-7,6%), quando comparadas ao mesmo período, no segundo trimestre de 2013. O boom dos empreendimentos imobiliários, que nos últimos anos contrataram toda a mão de obra disponível no mercado, enfrenta situação contrária, tendo de reduzir o quadro de funcionários, devido à falta de retomada a curto e médio prazo. Com a falta de perspectiva e de câmbio favorável, os empresários estão inseguros e reduziram ou adiaram seus investimentos para uma condição mais confiável, pois estamos vivendo mais uma crise de confiança nas instituições. Também caímos no ranking de competitividade global de acordo com os dados do IMD (International Institute for Management Development). Pulamos de 51 par 54 devido à insegurança jurídica, excessiva regulamentação e falta de previsibilidade. Isso nos coloca em uma perda de mercados, em que nossos produtos não conseguem competitividade com os demais países exportadores. A bolsa de valores está vivendo fase de especulação, devido às pesquisas de intenção de voto para presidente e à expectativa de aumento de preços dos combustíveis, especialmente da gasolina, que puxa as ações da Petrobras. Em um só pregão, as ações subiram 8%. As exportações de produtos manufaturados para a Argentina sofreram duro golpe, devido à situação de pré-calote do governo graças às duras negociações com os fundos detentores dos papéis da dívida, que não aceitaram a renegociação proposta em 2001. O cenário ainda pode se complicar quando o IBGE anunciar os números consolidados do segundo semestre do desempenho de nossa economia, previsto para o início de setembro. Aí teremos um quadro mais detalhado do que nos espera para o futuro de curto prazo.
 




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