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Grupo sem-teto ocupa terreno da Matarazzo

Cerca de 700 famílias estão na área desde domingo; solo possui grave contaminação

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
20/08/2014 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Cerca de 700 pessoas ocupam, desde domingo, terreno de 25 mil m² pertencente ao Grupo Matarazzo, localizado na divisa de São Caetano com a Capital. Os sem-teto são ligados ao MDF (Movimento de Defesa do Favelado) e reivindicam a construção de unidades habitacionais no local. A área está desativada desde 1985 e, segundo a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), apresenta grave contaminação por hexaclorociclohexano (conhecido como BHC), benzeno e mercúrio, substâncias tóxicas e cancerígenas.

Uma das líderes da ocupação, que não quis se identificar, afirmou que o objetivo do grupo, formado por pessoas vindas de diversos pontos da Grande São Paulo, é se instalar no local e construir moradias ou aguardar atendimento para programas habitacionais em outros bairros. A militante não manifestou preocupação quanto à contaminação. “Só falam isso porque as famílias que estão aqui são pobres. Se fossem construir um condomínio de alto padrão, dariam um jeito de descontaminar rapidinho.” Ela garante que, em caso de reintegração de posse, não haverá resistência violenta por parte dos ocupantes.

Na tarde de segunda-feira, um vigilante do Grupo Matarazzo registrou boletim de ocorrência sobre a invasão no 56º DP (Vila Alpina), da Capital. Ele relata que o grupo entrou no local pela Rua Forte de São Bartolomeu, na Vila Prudente, em São Paulo. No entanto, parte das famílias está acampada na parte do terreno pertencente a São Caetano, onde, inclusive, há acessos pelo Complexo Viário Luiz Olinto Tortorello.

Em 2005, foi assinado TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) entre a Prefeitura e o Ministério Público com objetivo de preservar o espaço. Cabia ao município cercar a área e fazer monitoramento para evitar ocupações. Ontem, funcionários da empresa estavam de plantão para evitar mais invasões.

O capitão João Francisco Terron, comandante da Polícia Militar na cidade, afirmou que não foram registrados incidentes desde que o grupo iniciou a ocupação. “Estamos monitorando e estudando qual é a melhor solução. Entendemos que esse é um problema social, mas é a vida deles que está em risco em razão da contaminação.”

A Prefeitura não comentou o fato de as determinações estabelecidas no TAC não estarem sendo cumpridas. Limitou-se a dizer que o boletim de ocorrência foi registrado na Capital. O Executivo diz já ter sido comunicado por um advogado da Matarazzo de que o grupo entrou na Justiça com pedido de reintegração de posse.

O MDF é liderado pelo padre irlandês Patrick Clarke. A entidade surgiu na década de 1970 e sua sede fica localizada na Vila Alpina, na Capital. Na tarde de ontem, a equipe do Diário tentou contato com dez líderes do movimento para comentar a ocupação em São Caetano, mas ninguém retornou até o fechamento desta edição. 




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