Mal assumiu o Paço, o prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), sofreu pressão com a indicação política do ex-prefeiturável Raimundo Salles (PDT) para comandar a Secretaria de Cultura e Turismo. Em carta, o movimento Cultura Viva oficializou cobrança de 13 propostas, criticando a nomeação de um advogado para chefiar o setor. Em contrapartida, o pedetista abrirá as portas da área para a participação de grupos.

O conjunto de exigências requer a composição do corpo diretivo (segundo e terceiro escalões) da Pasta com gestores públicos afinados com equipamentos e projetos culturais. A reivindicação sustenta que o aliado político de Grana não representa a classe. "Manifestamos a insatisfação e decepção inicial com essa decisão (em abrir a secretaria para Salles). Pedimos, ao menos, que sejamos escutados."

Salles sustentou que a manifestação será atendida "logo de cara". Segundo ele, lideranças do setor já foram chamadas para ingressar na Secretaria. "É absolutamente legítimo o protesto. Comungo que eles deem ideias. Isso é fundamental para a evolução dos projetos", disse, ao alegar que os movimentos "nunca serão tão ouvidos" e citar que só aceitou o convite de Grana para contribuir na Cultura.

Elencando as propostas, o documento propõe também a realização de conferência municipal, plano participativo, assinatura de termo de compromisso com o Sistema Nacional de Cultura, reconstrução do conselho municipal e potencializar a ocupação dos espaços públicos.

O pedetista pretende dar conotação diferente à do governo Aidan Ravin (PTB) no setor, a qual considerou "eventivista", ligada a custear eventos de grande monta, como os executados na Craisa. "Não vou manter formato de grandes shows. A ideia é pulverizar em série de ações culturais e células de fomento, ouvindo a sociedade civil." A medida inicial da Pasta será firmar PPP (Parceria Público-Privada) com empresários para restauração dos monumentos históricos.

Apesar do recente histórico eleitoral de enfrentamento, Salles foi contemplado por Grana com cargo no primeiro escalão como contrapartida ao apoio considerado de peso político obtido do pedetista no segundo turno.