O que você faria se encontrasse uma carteira na rua? A.Olharia em volta para ver se ninguém está observando e pegaria a grana; B.Tentaria descobrir de quem é; C.Deixaria lá mesmo. Se você respondeu a alternativa B , não fez mais do que a obrigação. É desta forma que todo mundo deveria agir normalmente. Simples assim e ponto final.

"Princípio é princípio. O que não é seu não pode ser seu. Seja uma simples borracha, até uma joia. O valor não importa", explica Maria Luisa Guedes, professora de psicologia da PUC. "Não tem problema de o objeto ter ido parar na sua mão. A primeira coisa a fazer é ir atrás do verdadeiro dono."

Segundo ela, apesar de ser um conceito objetivo, é muito difícil ensinar isso. "Não é à toa que as pessoas ainda ficam admiradas quando alguém devolve dinheiro para os donos. Deveria ser uma conduta normal." Maria Theresa Zanin, 13 anos, ficou surpresa ao receber ligação de uma pessoa que havia encontrado seu celular. "Ele achou o telefone de uma amiga minha e ligou pra ela. Eu faria o mesmo. Devolvo até troco que vem a mais", garante.

Já Giulia Piagentini, 14, não teve a mesma sorte. "Quando dei conta de que o celular não estava comigo, liguei. Um homem atendeu e disse que não devolveria se eu não desse dinheiro. Tive de pagar", conta a menina, que acredita que os exemplos positivos devem vir de casa. "Geralmente são as pessoas mais humildes que devolvem. Acho que dão mais valor às coisas."

No escritório de despachante em que Ivys Yamamura, 17, trabalha, as pessoas geralmente ligam para tentar descobrir de quem é o documento que encontraram na rua. "É o que a gente espera acontecer quando perdemos algo. Ainda bem que tem pessoas que se preocupam", diz. O que acontece, na maioria das vezes, de acordo com a psicóloga, nem é desonestidade propriamente dita. "Trata-se de uma recompensa imediata poderosa. A pessoa acha que é pura sorte. É uma justificativa muito cômoda."

Honestidade é um exercício que deve ser treinado todos os dias e em todos os lugares, começando dentro da escola. No colégio Barão de Mauá, em Maúa, a regra é entregar tudo o que foi encontrado nas mãos da coordenadora Magda. "Honestidade é se colocar no lugar da outra pessoa, falar a verdade", acredita Leonardo de Souza, 16.