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Com PMDB, Dilma fica sem apoio da base sindical

Líder do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC diz que não acompanha presidente em eventual palanque de Skaf em S.Paulo

Gustavo Pinchiaro
Do Diário do Grande ABC
28/07/2014 | 07:33
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Claudinei Plaza/DGABC


A investida para que a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) utilize o palanque do candidato ao governo paulista pelo PMDB, o presidente licenciado da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado) Paulo Skaf, deixaria a petista sozinha nas atividades. Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, declarou ontem que o movimento sindical não participará de atos políticos ao lado de Skaf durante posse da diretoria da entidade, em São Bernardo.

O sindicalista considerou que a proposta de Skaf é divergente e não representa “a defesa do trabalhador”. “Desconforto? Não vou estar lá, só isso. Não estarei nessa atividade. Estarei na atividade que a Dilma fizer com nosso companheiro (candidato do PT ao Palácio dos bandeirantes, Alexandre) Padilha. Eles representam muito da nossa pauta de reivindicações, modelo de desenvolvimento, inclusão social, distribuição de renda”, afirmou.

Rafael Marques também discordou da fala do prefeito de São Bernardo e coordenador da campanha de Dilma em São Paulo, Luiz Marinho (PT), que tenta dialogar com o PMDB para afinar o discurso e evitar cotoveladas entre “candidatos da base” – os partidos são coligados em nível nacional. “Temos que orientar nossa militância a falar bem dos nossos candidatos. Mas o discurso agressivo pode eventualmente acontecer a depender do rumo que a candidatura de Skaf ou de Padilha adotarem.”

O presidente do sindicato comparou o cenário com a disputa pela prefeitura da Capital em 2012. No meio do pleito, Fernando Hadadd (PT) e José Serra (PSDB) concentraram criticas a Celso Russomano (PRB) que liderava as pesquisas de intenção de voto e acabou na terceira posição. “Teve rompimento forte entre Russomano, Hadadd e seus apoiadores. Subiu a temperatura e isso pode, seguramente, acontecer de novo.”

Marinho afirmou ser natural o posicionamento do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos – entidade que já foi presidida por ele e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Não vejo dificuldade.”

O duplo palanque tem causado mau humor a Padilha, que voltou a criticar Skaf. “Falei para o Marinho que não precisa pedir, me enquadrar, nem piscar para mim. Sou louco pela Dilma e pelo Lula. Vou defender o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) em São Paulo. O Jovem tinha que pagar curso no Sesi, no Senai (setores ligados a Fiesp), e em escolas privadas”, atacou.

PMDB IGNORA MARINHO
O prefeito de São Bernardo afirmou ser “um erro grande” do postulante do PMDB ao Estado não querer discutir a possibilidade de ter Dilma no palanque peemedebista. “Pedi uma reunião e estou aguardando. Aparentemente o Skaf não quer, está fugindo do assunto. O que eu acho que é um erro grande do Skaf de não querer discutir e botar o nome dele junto com a Dilma. É um erro de análise que ele vai arcar com as consequências”, ameaçou Marinho.

A manutenção do comando do Palácio do Planalto é prioridade do PT. São Paulo tem o maior colégio eleitoral do País, são 32 milhões de eleitores, o que motiva os petistas a tentar reverter a reputação da presidente no Estado. Dilma atingiu índice de rejeição de 47%, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada no começo do mês. O indicativo é também a razão da fuga de Skaf.

Lula falta e aumenta desmotivação do PT com Padilha

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não compareceu ontem à festa da posse da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e frustrou a expectativa de ato político programado para empurrar a campanha do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT) e de candidatos proporcionais ligados ao movimento sindical.

A ausência do ex-presidente e principal nome do PT expôs a falta de entusiasmo e desconfiança com o projeto para o governo do Estado. Lula repetiu o gesto da presidente Dilma Rousseff (PT) que não foi ao lançamento da campanha de Padilha, em junho. O candidato está estagnado na terceira posição com 4% das intenções de voto, de acordo com pesquisa Datafolha divulgada no começo do mês.

“O Lula esteve em todas atividades de campanha comigo, não veio porque aqui é uma festa, não poderia pedir votos. Vim dar um abraço nos meus amigos do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Com esse friozinho ele está com a (mulher) dona Marisa (Letícia) e vai ficar em casa. Lula já fez muito pelo sindicato”, justificou Padilha.

O prefeito de São Bernardo e coordenador da campanha de reeleição de Dilma, Luiz Marinho (PT), informou apenas uma agenda marcada para dia 9, em Osasco, em conjunto com o candidato ao Palácio dos Bandeirantes. O petista também avaliou que Padilha é desconhecido pelo eleitorado. “Ontem (anteontem) o pessoal da cidade começou a fazer um mutirão e houve a constatação do desconhecimento. Padilha, mas quem é Padilha? Há um desconhecimento. Só o horário eleitoral, seguramente, dará a condição do crescimento mais consistente do Padilha”, analisou.

Marinho apresentou versão diferente de Padilha sobre a ausência do ex-presidente. O petista disse que Lula está com “dor de garganta” e foi poupado do ato político. “Está muito frio. Então é preciso cautela para não pegar uma gripe forte e atrapalhar ele durante a campanha.” 




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