O PSDB prometeu acionar o Ministério Público para apurar a conduta do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), que na segunda-feira utilizou horário de expediente para fazer campanha para o candidato do PT ao governo do Estado, Alexandre Padilha.

O Diário flagrou o chefe do Executivo de São Bernardo esticando o horário de almoço para subir no palanque de Padilha. O postulante petista ao Palácio dos Bandeirantes esteve em São Bernardo, em atividade que começou às 12h40, com a presença de Marinho. O prefeito esteve integralmente no ato político, em frente à Praça da Matriz, depois almoçou com o ex-ministro da Saúde. No total, Marinho ficou duas horas e 32 minutos em campanha.

Segundo o coordenador regional do tucanato, Márcio Canuto, o assunto foi tratado ontem com a direção estadual da sigla. “Com certeza faremos representação. O prefeito tem ignorado a questão ética na política e adotou vale-tudo pelo poder. Acha que, como prefeito, pode fazer tudo”, discorreu o tucano. “Se ele (Marinho) acredita estar certo de sua atitude, poderia estender o benefício de duas horas e meia de almoço para todos os servidores”, sugeriu.

Ontem, Canuto protocolou representação contra o prefeito de São Bernardo junto à direção estadual do PSDB e à cúpula nacional da legenda. O pedido é para que a executiva nacional, chefiada pelo presidenciável Aécio Neves, acione o MP e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), justificando abuso de poder econômico e uso da máquina pública a favor da candidatura de Padilha no Estado.

Especialista em Direito Eleitoral consultado pelo Diário, Anderson Pomini condenou a atitude de Marinho, analisando que o caso poderia render ação por improbidade administrativa. “Apesar de o prefeito não ter expediente fixo, já que responde pela função em todos os horários, vejo conduta vedada. O recomendável é que faça a campanha após as 17h ou 18h, fim de expediente comum. Pode fazer em almoço de até uma hora. Mas se ele ultrapassar o limite do horário e se desloca com aparato público, como assessores, veículo, fotógrafos, é vedado. É preciso separar interesse público do pessoal partidário.”

Na Câmara, a bancada do PPS garantiu que vai protocolar requerimento de informações ao prefeito a respeito do caso. “Se não andar, vamos ao MP”, disse Julinho Fuzari.

Tucano critica pressão por voto a Dilma

Além de acionar a Justiça pelo fato de o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), ter utilizado horário de expediente para fazer campanha pró-candidatura de Alexandre Padilha (PT), o PSDB questiona a pressão feita pelo chefe do Executivo são-bernardense a colegas do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC para apoiar a presidente Dilma Rousseff (PT), que busca reeleição.

Na semana passada, Marinho almoçou com demais seis prefeitos da região e insinuou que verba prometida pela chefe da Nação às sete cidades só seria efetivada caso renovasse seu mandato.

“Queremos conversar com prefeitos que temos mais contato para saber o tom utilizado pelo Marinho nesta conversa. Me parece muito que ele utiliza dinheiro público para coagir os prefeitos, sem respeitar instâncias partidárias”, afirmou o coordenador do tucanato na região, Márcio Canuto, se referindo aos prefeitos Lauro Michels (PV), de Diadema, e Gabriel Maranhão (PSDB), de Rio Grande da Serra, cujo partidos têm candidato próprio à Presidência da República.