Pároco do bairro demonstra amor pelo Verdão
incluindo cores do time na decoração da Igreja
Na Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes, no bairro Eldorado, em Diadema, a cor verde é destaque na estrutura da igreja. Está também nos vitrais, paredes e móveis da secretaria. A tonalidade não foi colocada em todo canto por acaso. Há 26 anos, o responsável pelo santuário é o padre Odair Angelo Agostini, 61 anos, torcedor fanático do Palmeiras. O nome dele, inclusive, é em homenagem ao ex-atacante Odair dos Santos.
“Antes de eu nascer, meu pai já havia escolhido o nome por conta do jogador. Sou palmeirense desde o ventre. Minha família também é toda de origem italiana, então, não tinha como não ser”, garante.
O pároco, nascido em Tupã, no interior do Estado, chegou a Diadema para passar dois anos, mas se fixou no Eldorado. Ajudou a construir o bairro e outras quatro capelas nos arredores, localizadas no Jardim Inamar, Sítio Joaninha, Vila Paulina e Jardim Yvone. Todas, claro, com as cores verde e branco. “É padrão. Além do Palmeiras, verde representa esperança e branco, paz, duas coisas que temos que ter aqui no Eldorado.”
As cores alusivas ao Palmeiras estão destacadas ainda em ponto um tanto quanto inusitado: no manto de Jesus Cristo, na imagem que retrata a Santa Ceia. “Historicamente, ninguém sabe que cor era a roupa Dele no dia da última ceia. Só se sabe que depois que Pôncio Pilatos o condenou, colocaram o manto vermelho. Então, pintei de verde e branco, pois Ele trouxe ao povo a esperança e a paz. Se alguém me disser, historicamente, que roupa ele estava usando na ocasião, mudo”, afirma.
Já a figura do Judas , considerado o traidor que entregou Cristo aos seus captores, traz as vestes em preto e branco no painel, cores do time arquirrival do Palmeiras, Corinthians. “Mera coincidência”, desconversa o padre, aos risos.
Na casa do sacerdote, não haveria de ser diferente. “O verde está presente no prato em que como, nas xícaras, tapetes e até na iluminação, que mandei fazer”, lista.
Em tempos de crise do Palmeiras, quando o time foi rebaixado pela primeira vez à série B do Brasileirão, em 2002, os fiéis não perdoaram e tiraram sarro. “Fizeram muitas brincadeiras até que falei na missa: ‘se eu tivesse perdido um membro da minha família, não estaria tão abalado como estou, portanto, respeitem a minha dor.’ A partir daí, ninguém falou mais nada e, quando o Palmeiras caiu de novo, respeitaram, porque eles sabem que eu sofro, faz parte da minha vida.”
Os jogos disputados nos horários das celebrações deixam Odair apreensivo. “Ouço os fogos e não sei o que está acontecendo, fico agoniado, então, peço aos coroinhas que ouçam o jogo e me passem as informações por sinais.”
Ao estádio ele quase não vai, em decorrência de uma má lembrança. “Fui uma vez ao Morumbi, no final da Copa Libertadores da América, e dei azar: o Palmeiras perdeu para o Boca Juniors (time da Argentina) nos pênaltis. Depois daquele dia, nunca mais coloquei meus pés lá.”
Agora, ele aguarda ansiosamente a inauguração da Arena Palmeiras, prevista para ser entregue em agosto, antes do centenário do clube, no dia 26. “ Aí, ninguém me segura.”
Proximidade da Billings atrai velejador
A água um dia limpa da Represa Billings atraiu ao bairro Eldorado o ambientalista Jorge Ubirajara Cardoso Proença, 76 anos, velejador desde os 19. “Nasci na Capital, mas meu pai era remador e me levava à Represa Guarapiranga para ver os veleiros. Eu achava fantástico. Com 19 anos, comprei meu primeiro barco e o terreno no Eldorado para velejar aqui. Vim pela paixão à água, e, então, a sujaram”, lamenta.
Ele conta que a Billings foi o berço dos primeiros velejadores olímpicos do Brasil. Proença, inclusive, venceu campeonatos promovidos por lá durante nove anos consecutivos. Ele ressalta as condições favoráveis da represa para a prática da modalidade. “A Billings é quatro vezes maior que a Guarapiranga, está mais perto da serra e, por isso, tem vento de mar, então, é ótimo para o esporte”, garante.
Visando expandir a atividade que o faz se sentir tão bem, ele e um grupo de velejadores com mais de 100 milhas navegadas (o equivalente a duas voltas e meia na Terra) formaram o Núcleo Pró-Vela, que existe há 20 anos. “Todos os participantes são voluntários, não temos estatuto nem nada, apenas pretendemos difundir o prazer de velejar, criando oportunidades ao maior número de pessoas. Onde a vela precisar ser desenvolvida, vamos lá e damos uma mão.”
Para o velejador, o esporte deveria receber incentivo e investimento para a sua prática, por um significativo diferencial. “A vela é poluição zero. Não gasta energia, é ambientalmente correto”, salienta, completando que, além do mais, a prática traz aprendizado. “A experiência de velejar é uma lição de vida. Você consegue ir a qualquer lugar, só não contra o vento, e na vida é assim também. Quando o problema vem de frente, você tem que tomar outro rumo. É fantástico.”
ESCOLA
Em março de 2013, a Prefeitura anunciou a criação da Escola de Vela, por meio do projeto de artes náuticas Travessia em Eldorado. A ação envolve a iniciação de crianças de 7 anos em aulas de natação na piscina municipal e, depois disso, o encaminhamento às atividades na Represa Billings.
Segundo o Executivo, o projeto arquitetônico está em fase de licenciamento ambiental junto à Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia) e à Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). Ainda de acordo com a administração, as aulas na piscina serão iniciadas neste terceiro bimestre e ações pontuais em Educação Ambiental na orla da Billings acontecem periodicamente, como meio de resgate histórico e mobilização social.
Associação muda realidade de moradores com atuação ampla
Quando a Acer (Associação de Apoio à Criança em Risco), localizada na Rua João Antonio de Araújo, instalou-se no quarto bairro mais populoso de Diadema, em 1993, a área registrava índices de violência extremamente elevados. A transformação desse cenário dependia da oferta de caminho efetivo de recuperação para crianças e adolescentes que viviam na rua.
Com atividades esportivas, artísticas e culturais voltadas a crianças e adolescentes e também aos seus familiares, o panorama mudou. “Toda comunidade precisa de organizações da sociedade civil. O que percebo de mudança principal é a diminuição dos índices de violência. As crianças de hoje estão sendo criadas em uma realidade totalmente diferente de 15 anos atrás. Hoje, percebo o orgulho da população em viver aqui. Isso é uma conquista muito grande”, destaca o secretário-geral da instituição, Jonathan Hannay. Atualmente, mais de 3.000 pessoas são atendidas pela entidade.
Os recursos para a execução dos trabalhos são provenientes de várias fontes, como convênio com a Prefeitura e financiamento da organização britânica ABC Trust. Foi por meio dessa parceria, inclusive, que o príncipe Harry, da Inglaterra, quarto na sucessão do trono inglês, conheceu a associação durante visita ao Brasil, no fim do mês passado.
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