Política Titulo Entrevista
‘Copa sem violência é legado’, afirma Capez
Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
21/07/2014 | 07:26
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Se a Seleção Brasileira não foi bem nas quatro linhas, pelo menos a Copa do Mundo do Brasil deixará um legado de redução da violência nos estádios, com um grande caminho para a mudança de cultura dos torcedores. A avaliação é do deputado estadual Fernando Capez (PSDB) – candidato à reeleição em outubro –, que enxerga, a partir de agora, falta de espaço nas novas arenas para o vandalismo.

Promotor público licenciado e com carreira voltada ao combate à violência nos estádios, Capez diz, em entrevista exclusiva ao Diário, que o mérito do sucesso da realização da Copa deve-se à hospitalidade e cordialidade da população brasileira, e não à Fifa ou governo federal.
Mesmo analisando que o eleitor não irá misturar futebol com eleição, o tucano acredita que a população terá, mais rápido, uma visão crítica da administração pública, o que, na visão dele, justifica a queda de popularidade da presidente Dilma Rousseff (PT) nas últimas pesquisas.

Capez diz, ainda, que o mau desempenho de Alexandre Padilha (PT), postulante ao Palácio dos Bandeirantes, nos levantamentos realizados até aqui – por enquanto estacionado em 4% – deve-se mais à boa avaliação do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), que disputa a reeleição, do que o fato de ele ainda ser desconhecido em boa parte do eleitorado.

Na sua opinião, o péssimo resultado da Seleção Brasileira em campo influencia no cenário político?
A população sabe separar, porém, quando se cria uma atmosfera de derrota as pessoas passam a ver tudo com outra perspectiva. Isso vai acentuar a visão crítica do brasileiro. Se o Brasil fosse campeão, haveria um período de anestesia. Agora, a tendência é visão mais realista.

O que dá para tirar de positivo da realização da Copa do Mundo no Brasil?
O grande fato positivo da Copa foi cristalizar essa imagem hospitaleira e positiva do brasileiro. O povo foi gentil, acolhedor e soube receber os turistas. Isso não é mérito da Fifa nem do governo. É mérito da população. Nós acabamos tendo estádios mais modernos, o que não teríamos sem a Copa. E estádios mais modernos, com lugares numerados, mais organizado, vai trazer a redução da violência para os estádios. Esse legado precisa ser reconhecido. Essas arenas vão atrair um novo público para os estádios. E esse público não briga, vai para ter entretenimento. Os vândalos vão ficar sem espaço. E apesar de terem ficado muito aquém do se esperava, algumas obras foram feitas, como a modernização dos aeroportos. Mais para frente vamos poder saber se o que foi gasto foi necessário mesmo.

A queda da popularidade da presidente Dilma Rousseff (PT) tem algo a ver com o resultado da Copa?
Não. Uma vitória da Seleção aliviaria um pouco a visão da população sobre a administração pública. A derrota resultou em visão crítica em um prazo menor. Isso tem a ver com a percepção geral do brasileiro de que as coisas pioraram.

O senhor acredita em grande renovação do cenário político pela população com a eleição de outubro?
O cidadão está mais atento. Está mais difícil para um candidato obter o voto sem justificativa, sem mostrar o que ele está fazendo. Cada vez mais a população vai exigir que os deputados sejam servidores públicos, no sentido de que tem que ser um funcionário com a obrigação de servir. Esta exigência vai fazer com que o eleitor veja o futuro deputado cada vez menos como autoridade e mais como funcionário da sociedade. Isso vai aumentar a cobrança, o que ele efetivamente fez em seu mandato, sua produção, e o discurso quanto ao futuro será medido em relação ao passado. Sem argumento, está difícil conquistar um voto. Conteúdo será o primordial e não recurso financeiro.

Que cenário o senhor vislumbra para o PSDB, com pesquisas mostrando possibilidade de vitória de Geraldo Alckmin no primeiro turno e a disputa presidencial aberta para um segundo turno?
As pessoas estão procurando hoje linhas de administração responsáveis e não populistas, aquela linha de governo que tem de fazer o que deve ser feito, sem desequilibrar o orçamento. Administração com seriedade, prudência e responsabilidade está sendo reconhecida com esses números. As pesquisas refletem nesse momento uma análise de como foi a administração do governo de São Paulo, com Geraldo Alckmin, e como foi a administração de Aécio Neves, quando governou Minas Gerais. É isso que está se projetando. O eleitor quer prudência nos gastos do dinheiro público. Quer que haja cautela e que não tenha desperdício de recursos, que devem ser aplicados de forma correta. O eleitor está sabendo enxergar isso neste momento. E o cenário neste momento é de aprovação de administrações pudentes.

O senhor se surpreende com o baixo índice nas pesquisas, até aqui, do candidato do PT ao governo do Estado, Alexandre Padilha?
A tendência é que esse número suba um pouco quando a campanha começar para valer, a partir do horário eleitoral gratuito. Mas não me surpreendo com o espaço reduzido do Padilha nas pesquisas até este momento. Isso é resultado da aprovação da administração de Geraldo Alckmin. Se ele tem 54% hoje, é natural que tendo hoje um candidato como o Paulo Skaf (PMDB), sobra menos espaço para o crescimento do Padilha. Não me parece ser um problema dele, que é pouco conhecido, mas como a administração estadual é bem avaliada junto à população.

Qual a perspectiva do partido para a eleição de deputado estadual?
A tendência é o partido ter entre 21 e 23 cadeiras no Parlamento estadual. Essa é a perspectiva. Esse equilíbrio de forças na eleição proporcional, na minha avaliação, não deve mudar.




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