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Fabricantes têm de buscar inovação para sobreviver

Em meio ao cenário turbulento da economia, empresas precisam estimular surgimento de ideias criativas, avalia consultor

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
20/07/2014 | 07:05
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Neste momento de crise vivida pela indústria nacional, que enfrenta a demanda retraída e, ao mesmo tempo, a forte concorrência dos produtos importados, muitos pequenos empresários da região sofrem para tentar reduzir ainda mais os custos de seu processo produtivo e têm dificuldades financeiras para investir em novas tecnologias para se diferenciar. Nesse cenário, o que essas fabricantes podem fazer para se manterem vivas nos próximos anos? O consultor Valter Pieraccini, que tem 20 anos de experiência no desenvolvimento de modelos de gestão empresarial, deu há poucos dias palestra na regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Bernardo em que enfocou tema que considera a chave para isso: inovação.

Segundo Pieracciani, esse é o único caminho para a sobrevivência desses negócios, ainda mais na realidade brasileira em que os encargos de mão de obra, por exemplo, são bem mais altos que os da China e até do México. Porém, ele ressalta que inovar não significa, necessariamente, ter de gastar muito dinheiro em pesquisa de mercado ou em desenvolvimento tecnológico.

Ele cita famosa fábrica de cadeados que conseguiu se diferenciar e trazer novos públicos a seus produtos, quando lançou linha fashion, em que os itens vinham estampados com imagens variadas. “Virou mais um acessório, que ajuda a distinguir a mala na esteira do aeroporto ou na academia”, cita. Ele acrescenta que, para isso, não foi preciso fazer investimento elevado.

Segundo Pieracciani, é uma questão de buscar ideias criativas, que estejam antenadas com a realidade do mundo e que possam envolver mudanças simples tanto no processo fabril, quanto no produto, no tipo de negócio e no gerencimento da atividade. Parece fácil, mas demanda método para mudar a cultura da organização e conseguir transformar ideias em soluções. “O primeiro passo é a prática, não é o lampejo, exige esforço repetitivo”, cita.

E para a mudança da cultura da empresa, um dos pontos básicos é colocar em primeiro lugar as pessoas, tanto da organização quanto os clientes, assinala o especialista. Ele acrescenta que é importante estabelecer canal para ouvir e valorizar as ideias e reconhecer os que oferecem as sugestões. Isso pode ser feito, por exemplo, por meio de concurso, em que os tipos de premiações podem variar de acordo com a companhia, mas não necessariamente exigem gastos elevados.

PATENTES - Pieracciani considera que “o brasileiro é bom de inovação”. Questionado pela equipe do Diário se a realidade do industrial preocupado em sobreviver no dia a dia dificulta, por exemplo, a criação de patentes de invenções, ele cita que há também limitações nos órgãos do governo, pela demora na análise.

De acordo com relatório da Ompi (Organização Mundial de Propriedade Intelectual), o Brasil está em penúltimo em ranking de número de patentes, entre 20 países, à frente apenas da Polônia. “Tenho patente minha sendo processada há dez anos; num mundo dos nanossegundos, é natural que isso desestimule os inventores”, diz.

O tempo médio de análise dos pedidos pelo Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual), segundo o relatório, é de 11 anos.  




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