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Hospital da Mulher acolhe jovens grávidas

Santo André tem ambulatório especial voltado ao atendimento de gestantes adolescentes

Vanessa de Oliveira
do Diário do Grande ABC
18/07/2014 | 07:07
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Claudinei Plaza/DGABC


Grupo de sete adolescentes grávidas conheceu, na tarde de ontem, as dependências do Hospital da Mulher Maria José dos Santos Stein, em Santo André, onde, em breve, darão à luz seus bebês.

Elas integram um total de 56 jovens assistidas pelo ambulatório de pré-natal para menores de 18 anos, criado em janeiro e pioneiro no Grande ABC. Serviço da rede básica de saúde, funciona dentro do Centro de Saúde Escola, no Parque Capuava.

As garotas visitaram o centro de parto, maternidade, enfermaria Método Mãe Canguru, além de conhecer a equipe de médicos, enfermeiros e residentes de plantão.

A cada corredor, olhares e ouvidos atentos às explicações e orientações passadas pelos profissionais. As jovens também ouviram relatos de quem passou pela experiência do parto. Laís Fernandes Paiva, 15 anos, moradora do Sítio dos Vianas, acompanharia o tour. “Mas não deu tempo”, fala ela, que teve o pequeno Leonardo na manhã de quarta-feira. Às futuras mamães, ela relatou que o parto transcorreu em plena tranquilidade.

“Na maioria das vezes, há muito medo em relação ao momento, por isso, tivemos a ideia de fazer essa visita diferenciada, só para as adolescentes, para que elas se sintam acolhidas e vejam que dar à luz é algo tranquilo”, destaca o coordenador do Ambulatório de Pré-Natal de Adolescentes, Gustavo Joseph Arruda Camargo.

Grávida de seis meses, Mayara Gomes da Silva, 18, moradora do Parque João Ramalho, está apreensiva. “Sou muito magrinha e tenho medo de não aguentar a dor”, diz ela, que planejou a gestação após dois anos de casamento.

Peso, aliás, é outra preocupação das adolescentes. “Elas têm muito medo de engordar e acabam não se alimentando bem. Geralmente, não comem a variedade de alimentos que a gente pede, um prato com salada, carne, arroz e feijão. Comem salgadinhos e outras coisas que não são saudáveis, o que acarreta em risco de o bebê nascer com baixo peso”, explica o médico.

Dailany Amélia Barbosa da Silva, 17, também do Parque João Ramalho e grávida de oito meses de Lorenzo, afirma que nenhuma preocupação a aflige, mas lembra o susto ao receber a notícia. “Chorei bastante e minha ficha só caiu aos cinco meses de gestação, quando ouvi o coração do meu bebê bater”, comenta ela, que não tomava anticoncepcional por medo de que a mãe descobrisse sobre sua vida sexual.

Susana Muniz Silva, 15, do mesmo bairro, tomava pílula, mas interrompeu após se sentir mal. Com dor de cabeça, foi ao médico e, assim, soube da gravidez. Com três meses de gestação, ela e o namorado, Paulo Ricardo da Silva Damasceno, 16, que a acompanhou na visita ao hospital, sabem que a vida mudará completamente com a chegada do herdeiro. “Agora temos que correr atrás das coisas, mas estamos felizes, é uma vida que vem por aí”, diz Susana.

Risco de gravidez na adolescência é social

Segundo o obstetra e coordenador do Ambulatório de Pré-Natal de Adolescentes, Gustavo Joseph Arruda Camargo, a gravidez na adolescência não traz riscos biológicos às jovens, mas sim sociais. “O problema é que muitas adolescentes abandonam a escola, não fazem faculdade. O companheiro acaba ficando para sempre no subemprego, o que cria círculo vicioso de pobreza.”

No trabalho com esse público-alvo, foi levantado o perfil das futuras mães. “Muitas têm irmãs ou genitoras que engravidaram na adolescência. Grande parte não tem boa relação com os pais, então, falta acesso à informação. Há ainda meninas que fazem de propósito, para sair de casa. Nesse caso, por não ter condições financeiras para se sustentar, o plano que resta é ser mãe, e a fase é antecipada. Porém, as coisas acabam não sendo como elas imaginavam, pois não é fácil”, diz o médico, completando: “Trabalhamos algumas diretrizes, como não largar a escola, mas, se assim fizerem, que voltem quando puderem e que façam planejamento familiar, para ter filhos novamente só quando desejarem.”




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