Economia Titulo Balanço
Venda de imóveis
usados cai 45% no 1º tri

Representantes do setor acreditam que ano está
perdido; feriados e até Copa atrapalham comércio

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
13/07/2014 | 07:23
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Andréa Iseki/DGABC


“Um ano inteiro de Carnaval”, brinca o delegado regional do Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo), Alvarino Lemes, sobre a situação atual do mercado imobiliário na região. Na prática, a analogia tem todo o sentido. O período comemorativo é um dos piores para o setor. E a sequência de eventos de 2014 tem gerado reduções significativas nos resultados das empresas. As apostas são de que a maré vermelha só acabe no primeiro trimestre de 2015.

As explicações para esse cenário têm início nos dados de vendas de imóveis usados na região, conforme levantamento do Creci-SP. A entidade considera em sua pesquisa as cidades de Santo André, São Caetano, São Bernardo, Diadema, Osasco e Guarulhos. Com defasagem de três meses, o último registro aponta para queda de 45% nas comercializações das unidades prontas no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2013.

O levantamento do Creci-SP considera cerca de 22% do total de imobiliárias espalhadas pela área analisada. Capturou que, entre janeiro e março do ano passado, os corretores conseguiram fechar a venda de 490 imóveis. No primeiro trimestre de 2014, o número caiu para 267.

Lemes recorda que a atividade econômica do País já não caminhava bem em 2013. Isso, associado ao período natural de entressafra do setor – de novembro (quando as pessoas já começam a pensar nas férias) até o Carnaval –, gerou desinteresse dos consumidores por aquisições de imóveis.

Logo após as festividades de março, destaca Aparecido Viana, empresário do segmento na região, veio o período de vários feriados prolongados. “Isso só contribui para um desfoque para o mercado”, observa. Em seguida, os preparativos para a Copa do Mundo e o próprio evento em si estimularam os potenciais compradores de casas e apartamentos a deixarem para depois a aquisição. “Principalmente em junho, acompanhamos queda geral nas vendas”, relata Viana.

Lemes estima que as próximas publicações da pesquisa do Creci-SP trarão a realidade do segundo trimestre. “Provavelmente, teremos resultados piores.”

Os representantes do setor pontuam ainda que, a partir de agora, começam as campanhas políticas para as eleições de outubro. E a expectativa não é boa até lá. Mais um motivo que deverá tirar o foco dos interessados em comprar a casa própria.

“Acredito que as coisas só vão melhorar depois do Carnaval do ano que vem”, assinala Viana. O pessimismo está fundamentado na continuidade do calendário. Após as eleições é esperado, como durante o ano todo, desânimo na demanda por causa das férias, o que deve se estender até o fim da Folia do primeiro trimestre do ano que vem.

Outro ponto citado pelos especialistas é o medo que os trabalhadores estão de perder seu emprego, devido à situação econômica atual, em desaceleração. Um dos estímulos para essa sensação são as recentes demissões, suspensões de contrato e licenças anunciados pelas montadoras e fabricantes de autopeças da região.

Unidades prontas têm desvalorização

Quem esperava que o mercado imobiliário não retrairia se enganou. Confiantes de que a onda de valorização desde o ‘boom’ de 2007 – período em que várias incorporadoras e construtoras abriram capital e iniciaram enxurrada de unidades lançadas, e o crédito ficou mais acessível – não acabaria foram obrigados a repensar. O Índice FipeZap de Imóveis anunciados apresentou a segunda queda média nos preços de unidades prontas em Santo André e São Bernardo no mês passado.

De acordo com estudo realizado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), em parceria com o portal Zap Imóveis, houve recuo de 0,25% nos valores do metro quadrado dos apartamentos anunciados nos dois municípios em junho, ante o mês anterior.

Em maio, primeira vez que o fenômeno ocorreu desde o início da série histórica da pesquisa, em dezembro de 2011, foi observada redução de 0,16% em São Bernardo e 0,12% em Santo André.

No entanto, observa o delegado regional do Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo), Alvarino Lemes, passada a Copa do Mundo, é esperado certo aquecimento da demanda e a retomada da valorização dos preços das unidades.


Planejamento é essencial antes de comprar casa própria

Para o educador financeiro Reinaldo Domingos, da DSOP Educação Financeira, é importante avaliar muito bem a situação financeira familiar antes de cair na sedução da desvalorização imobiliária e arriscar a compra da casa própria sem devida segurança.

Por nota, ele orienta acúmulo de reserva financeira, reunião familiar para definir valores e condições para compra, análise se o valor da unidade e as possíveis parcelas não afetarão o padrão de vida atual e poupança de dinheiro extra para, em caso de emergência, continuar honrando o financiamento. 




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