Após 16 semanas consecutivas com previsão de alta na inflação nacional oficial, o mercado mudou de opinião e abaixou a expectativa. Segundo o Boletim Focus do BC (Banco Central) publicado ontem, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) encerrará o ano com expansão acumulada em 5,44%. Na semana passada, os analistas do mercado apostavam no indicador acumulado em 5,45%.

O IPCA, apurado mensalmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), aponta a variação média dos preços de produtos e serviços às famílias com renda de até 40 salários-mínimos, ou R$ 24.880 atualmente.

Economista da agência classificadora de risco de crédito Austin Rating, Felipe Queiroz diz que as pressões de altas nos preços de alimentos em julho e agosto, estimuladas pela seca nos Estados Unidos, já foram incorporadas às expectativas. "Os agentes já observam acomodação nos preços." O problema climático nos Estados Unidos gerou impacto no mercado brasileiro de alimentos, que proporcionou inflação na oferta às famílias.

Por outro lado, o consumo no País estava mais fraco, o que colaborou, com menor pressão de demanda, para segurar os preços. Para o economista chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, a atividade econômica em desaceleração tem contribuído para segurar as expectativas do mercado de maior pressão inflacionária.

Perfeito destaca ainda que a taxa Selic em patamar baixo também não é mais vista como estímulo para a expansão da inflação. "Se olharmos para as previsões dos próximos 12 meses, já temos oito quedas consecutivas para o IPCA no Focus."