Economia Titulo Custo de vida
Taxa de inflação supera o teto da meta fixada pelo governo

Com reajustes na Copa, IPCA chega a 6,52% nos últimos 12 meses

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
09/07/2014 | 07:07
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André Henriques/DGABC


A Copa do Mundo ajudou a pressionar o custo de vida e colaborou para levar, em junho, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a superar o teto da meta definida pelo governo federal para este ano.

Indicador oficial da inflação no País, o IPCA ficou em 0,40% no mês e, no acumulado dos últimos 12 meses, chegou a 6,52%, portanto, mais que o limite superior de 6,50% estabelecido pelo governo. Neste ano, a taxa acumulada (de janeiro a junho) está em 3,72%. Isso significa que, mantido o ritmo atual da evolução dos preços, o governo deve seguir elevando a taxa básica de juros para conter a demanda e refrear a alta inflacionária, apontam especialistas.

O principal responsável pelo índice no mês passado é o grupo de despesas pessoais, com aumento de 1,57% – e impacto de 0,17 ponto percentual no índice –, que foi influenciado, principalmente, por diárias de hotéis (elevação média de 25,33%).

Segundo os analistas do IBGE, isso tem relação direta com o forte fluxo de turistas no País, por causa do evento esportivo. Também devido ao Mundial, as tarifas aéreas ficaram, em média, 21,95% mais caras, o que fez com que o conjunto de transportes tivesse alta de 0,37%, refletindo em peso de 0,07 ponto percentual no IPCA.

Outro grupo que pressionou a inflação foi de habitação, com variação média de 0,55% (impacto de 0,08 ponto percentual no índice geral), como reflexo de reajustes na taxa de água e esgoto (0,95%), aluguel residencial (0,84%) e artigos de limpeza (0,92%).

Por sua vez, o segmento alimentação e bebidas contribuiu no sentido inverso, ao registrar deflação (ou seja, retração de preços) de 0,11% no mês.

TENDÊNCIAS - Economistas ouvidos pela equipe do Diário divergem em relação à taxa inflacionária nos próximos meses. Para o coordenador do Inpes (Instituto de Pesquisa) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Leandro Prearo, o fato de ter extrapolado parece momentâneo, por causa da Copa. “No curto prazo, devemos reduzir esse patamar”, disse.

Ainda segundo ele, apesar das pressões que ainda devem existir para a alta do índice, como a da energia elétrica – há poucos dias, entrou em vigor novo reajuste da Eletropaulo, de 18,66% – e dos planos de saúde individuais, que subiram 9,65% neste mês, os alimentos, que eram um dos responsáveis pela elevação do IPCA no início do ano, já não exercem mais essa influência.

O delegado do Corecon (Conselho Regional de Economia) no Grande ABC, Leonel Tinoco, por sua vez, vê cenário diferente. Para ele, há perspectiva de pressão inflacionária vindo das tarifas públicas, como a energia elétrica e, após a eleição, pode haver reajustes de combustíveis.

Ainda segundo Tinoco, nesse contexto, o governo costuma elevar a taxa de juros, o que vai reduzir ainda mais a atividade econômica, que já caminha para fechar o ano com crescimento de apenas 1% em relação a 2013. 




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