No primeiro semestre deste ano, as Câmaras do Grande ABC protagonizaram incomum troca-troca de cadeiras. Nesse período foram 12 substituições de vereadores, o equivalente a duas mudanças por mês. O mais curioso é que parte desses parlamentares pediu licença do mandato para dar lugar aos respectivos suplentes, que ficam na expectativa de assumir a vaga mesmo que seja por curto espaço de tempo – e recebem remuneração proporcional aos dias trabalhados no Legislativo.

Em São Caetano, por exemplo, quatro vereadores utilizaram desse expediente. O primeiro a solicitar afastamento foi o parlamentar Gérsio Sartori (PTB). Depois deste caso, Carlos Humberto Seraphim (PPS) e Francisco de Macedo Bento, o Chico Bento (PP), saíram por motivos particulares (veja arte ao lado as razões de cada um). Coincidência ou não, essa justificativa também foi dada oficialmente pelos demais colegas de Casa. A última licença requerida – recentemente – se deu com Pio Mielo (PT).

A prática, entretanto, não é considerada ilegal, por isso o uso desenfreado do artigo. A abertura consta nas leis orgânicas dos municípios. As trocas, em série de situações, são acordadas pelos partidos para que figuras não eleitas possam assumir mandato e, assim, fazer com que seus nomes decolem – pelo menos numa tentativa – em eleições posteriores.

Santo André, por sua vez, teve dois casos de pedido de afastamento por Saúde por período de 15 dias. Iniciou com Cosmo do Gás (PDT). O pedetista alegou necessidade de passar por procedimento cirúrgico por conta de hérnia. À ocasião, quem assumiu não foi o suplente que encabeçava a lista. Na sequência, o vereador Ronaldo de Castro (PRB), da mesma coligação, se licenciou ao apresentar atestado de dor aguda lombar. O episódio gerou polêmica, nos bastidores, com hipótese levantada de rodízio.

Em Diadema, o parlamentar Márcio da Farmácia (PV) comandava a Secretaria de Obras até março, quando deixou o posto para pleitear assento na Câmara Federal. Na época, o verde deixou a Pasta e retomou a vaga do suplente José Hudsomar Jardim, o Zé do Bloco. Contudo, ele devolveu a cadeira ao correligionário, logo em seguida, para se dedicar exclusivamente à campanha eleitoral.

Mauá registrou quatro movimentações. O vereador Alberto Betão Pereira Justino (PTdoB) protocolou afastamento médico. Na Casa comenta-se que a sua saída temporária servirá para que o trabalhista afine detalhes da candidatura à Assembleia Legislativa. Já Luiz Alfredo dos Santos Simão (PSB) deixou a vaga para assumir a Secretaria de Habitação do governo Donisete Braga (PT). Com a operação, Rômulo Fernandes (PT) retorna para a Câmara.

O Legislativo mauaense ficou marcado pela cassação de Ivann Gomes, o Batoré (PRB), por infidelidade partidária. Ele recorreu da decisão, enquanto Adelto Cachorrão (PP) ocupará o espaço deixado. Caso semelhante aconteceu em Ribeirão Pires, com Anderson Benevides, que responde a processo por trocar o PMN pelo PSC. Após perder o mandato, conseguiu em maio emplacar recurso para responder ao processo exercendo a vereança.

São Bernardo e Rio Grande da Serra não apresentaram casos de licença.